Após o banho de água fria com o crescimento de apenas 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, o governo já admite rever para baixo a previsão para o desempenho da economia em 2013, anteriormente estimada em expansão de 3,5%. A nova projeção deverá constar no relatório de reavaliação de receitas e despesas, publicado bimestralmente pelo Ministério do Planejamento.
Nessa quarta-feira (29/5), ao comentar o fraco resultado da atividade nos três primeiros meses do ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que ;certamente; o número seria revisado para baixo, mas não quis antecipar para qual patamar. Nos bastidores do governo, porém, técnicos apostam que o próximo alvo a ser perseguido será um crescimento em torno de 3%. Apesar de menos otimista, a projeção ainda é superior ao que prevê o mercado financeiro, que aposta em uma alta de, no máximo, 2,9% no ano.
[SAIBAMAIS]Esse descolamento nas previsões oficiais e de analistas independentes se deve à avaliação, por parte da equipe econômica, de que as condições para a retomada do crescimento já foram criadas. Até por conta disso, Mantega foi enfático em negar a possibilidade de que o governo recorra a novos pacotes de estímulo, como cortes adicionais de impostos e uma nova injeção de crédito nos bancos oficiais. ;Não pretendemos implementar novas medidas de estímulo;, avisou o ministro.
A fala deixa clara a reversão na estratégia da nova equipe econômica do governo Dilma Rousseff, agora desfalcada de um de seus principais formuladores, o economista Nelson Barbosa, que deixou recentemente o cargo de secretário executivo do Ministério da Fazenda ;atualmente, ele encontra-se em férias, mas irá entregar o cargo assim que retornar ao trabalho, em junho.
No pronunciamento feito ontem pela manhã, Mantega avisou que o consumo continua sendo importante para o país, mas que este já não é mais o foco das ações da política econômica. ;O consumo não vai ser o carro-chefe do crescimento da economia;, avisou, para emendar: ;nós queremos que seja o investimento (esse destaque);, disse. No primeiro trimestre do ano, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBC), um indicador que mede as compras de máquinas, equipamentos, tratores e caminhões, avançou 4,6%.
Para Mantega, o número indica que ;finalmente o investimento está reagindo aos estímulos que o governo tem dado;, avaliação que, segundo ele, também é compartilhada pelo Palácio do Planalto. ;A presidenta (Dilma Rousseff) ficou muito satisfeita com o resultado do investimento;, comentou. O ministro explicou que a mudança na trajetória do crescimento do PIB, agora puxada pelos investimentos, é talvez o maior sinal de acerto da política econômica. ;O nosso principal objetivo, e essa tarefa mais difícil quando a economia sofre, é a recuperação do investimento, e isso foi conseguido;, comemorou.
Por esse motivo, o ministro enxergou com otimismo o baixo crescimento do PIB no primeiro trimestre, de alta de apenas 0,6%, quando o governo apostava em um desempenho de, no mínimo, 1%. ;O PIB, em relação ao ano passado, está acelerando. Ano passado, começou com 0,1% e terminou com 0,6%. Portanto, estamos saindo do patamar maior do ano passado, que é o nosso piso deste ano;, disse. ;Significa que o crescimento deste ano certamente será maior que o do ano passado, porque, se (o PIB) tiver uma trajetória semelhante a de 2012, atingiremos uma taxa satisfatória de crescimento;, ponderou.