Jornal Correio Braziliense

Economia

Mercado interno é principal suporte da economia, diz presidente do BC

Tombini disse que o consumo das famílias tem se mostrado robusto ao longo dos últimos anos e tende a se manter crescendo

Rio de Janeiro - O mercado interno tem sido e continuará sendo o principal suporte da atividade econômica no Brasil, avaliou nesta quinta-feira (15/5) o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, em palestra no 15; Seminário Anual de Metas para a Inflação, no Rio. Tombini disse que o consumo das famílias tem se mostrado robusto ao longo dos últimos anos e tende a se manter crescendo, apoiado pela expansão moderada do crédito, pelo aumento do emprego e da renda e pela expansão dos salários.

O presidente do BC disse que os investimentos voltaram a crescer no quarto trimestre do ano passado e essa retomada se intensifica no primeiro trimestre deste ano. Ele indicou que a recuperação do investimento se reflete, por exemplo, no aumento da produção e na importação de bens de capital. Os mercados financeiros internacionais registram níveis elevados de liquidez, o que facilita o acesso de empresas brasileiras à poupança externa, a custos reduzidos. ;O Brasil tem se beneficiado dessas condições excepcionais, tendo sido, nos últimos anos, um dos principais receptores de investimento estrangeiro direto;.

Além da recuperação do investimento, Tombini disse que são criadas no país perspectivas de ampliação da taxa de investimento na economia nos próximos anos. Ele destacou o impacto positivo que o programa de concessão de serviços públicos em curso no Brasil trará sobre os investimentos e ponderou que ;tão ou mais importante; serão os efeitos que a melhoria da logística terá sobre o ânimo do empresariado. Para o presidente, a confiança dos empresários, aliada à redução de custos e a uma logística mais eficiente se traduzirão em investimentos que ;hoje são inviáveis;.



Nesse contexto, o presidente do BC acredita que a poupança externa seguirá sendo fonte importante de recursos para financiar o desenvolvimento brasileiro. ;O Brasil continuará recebendo um grande fluxo de investimentos estrangeiros. É natural que assim seja;. Segundo Tombini, o capital se desloca para regiões que apresentam melhores perspectivas de crescimento, com taxa de retorno mais elevada. Ele advertiu, porém, que esse ciclo de investimento poderá trazer um eventual e já esperado déficit de transações correntes. ;No entanto, não devemos perder de vista que os atuais níveis de liquidez e de taxa de juros fazem parte de circunstâncias muito especiais e que tendem a desaparecer em poucos anos;.

Para Tombini, o Brasil ;está e estará preparado para enfrentar eventuais ventos contrários;, pois o país tem sólidos fundamentos econômicos, incluindo um estoque de reservas internacionais de cerca de US$ 375 bilhões, um sistema financeiro bem capitalizado, com níveis altos de liquidez e provisionamento.

Em relação à oferta, a produção industrial cresceu 3,3% ao ano no primeiro trimestre deste ano comparativamente ao último trimestre de 2012, revelando expansão disseminada pelos vários setores que compõem a atividade industrial. A produção de automóveis, por exemplo, subiu 6,8% em abril em relação a março, enquanto no setor agrícola, a safra de grãos estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deverá superar em 14% a safra do ano passado.

Tombini disse que a economia brasileira cresceu no primeiro trimestre em ritmo mais intenso do que no último trimestre de 2012. ;As projeções indicam crescimento em 2013 ao redor de 3%;. Para ele as indicações são de sustentabilidade no processo de recuperação da economia ao longo deste ano.