A eleição do embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, de 55 anos, para o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) representa que há uma ;ordem internacional em transformação;, segundo o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Para ele, significa que os países em desenvolvimento e pobres avançam nas suas conquistas. O chanceler disse nesta terça-feira (7/5) que a vitória de Azevêdo se deve a uma campanha intensa, que mobilizou o governo, e ganhou apoio em todos os continentes.
;É um resultado muito importante que reflete uma ordem internacional em transformação, que é de países emergentes que demonstram uma liderança;, ressaltou o chanceler, lembrando que mesmo os países que votaram no mexicano Herminio Blanco, adversário de Azevêdo, aceitaram a vitória. ;Mesmo aqueles que escolheram o outro candidato não se opuseram ao candidato preferido.;
[SAIBAMAIS] O chanceler lembrou que na OMC os 159 países são classificados em três grandes grupos: países desenvolvidos (os mais ricos), em desenvolvimento (entre os quais o Brasil se inclui) e de menor desenvolvimento (os mais pobres).
Patriota acrescentou que a vitória de Azevêdo se deve à sua trajetória profissional, baseada em mais de 20 anos de negociações comerciais internacionais. ;Um dos aspectos que influenciou o apoio ao embaixador Roberto de Azevêdo foi o sentimento que ele não precisava ser treinado para o cargo: estava treinando para o jogo e para chutar ao gol;, disse.
Porém, o chanceler evitou falar em números. Não oficialmente, negociadores do governo brasileiro dizem que Azevêdo teve 93 do total de 159 votos da OMC. Para Patriota, não há espaço para ressentimentos, o momento é de construção para buscar a retomada das negociações da Rodada de Doha - cujo objetivo é construir um amplo acordo de liberalização do comércio, mas sem resultados há cerca de dez anos
;Não há razão alguma para se nutrir ressentimentos;, destacou Patriota. ;É com esse espírito que ele assume as novas funções, na importância de se avançar na Rodada de Doha;, completou ele. ;[Li no jornal] Financial Times a informação que o candidato era bom, mas o país também era bom".
Azevêdo foi eleito hoje o novo diretor da OMC. Ele assume o cargo em 31 de agosto substituindo o francês Pascal Lamy. A eleição foi disputada até o último minuto. O brasileiro contou com o apoio do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), além dos países de língua portuguesa, várias nações na América Latina, na Ásia e na África.
Desde 2008, Azevêdo é representante permanente do Brasil na OMC, está diretamente envolvido em assuntos econômicos e comerciais há mais de 20 anos. Diplomata de carreira, ele desempenhou várias funções ligadas às negociações de comércio exterior.