Jornal Correio Braziliense

Economia

Economia é a nova dor de cabeça do presidente russo Vladimir Putin

O crescimento econômico, que caiu a 3,4% em 2012, estagnou no começo do ano e alcançou, no primeiro trimestre, 1,1% na comparação anual, graças a uma recuperação inesperada em março



O governo culpa a crise do euro por esta situação, já que seus principais sócios comerciais estão na Europa, e as elevadas taxas de juros impostas pelo banco central e as entidades financeiras. Contudo, nos círculos econômicos e financeiros a preocupação principal é o clima pouco propício para os negócios, devido à corrupção e à burocracia e a grande dependência das flutuações do preço dos hidrocarbonetos.

[SAIBAMAIS]Os investidores também estão à mercê de uma política econômica que alterna sinais de liberalização (integração à Organização Mundial do Comércio, privatizações) e decisões intervencionistas (absorção da petrolífera TNK-BP pelo gigante público Rosneft). "Putin posterga (a adoção de medidas) devido à situação econômica mundial e porque não querem tomar medidas impopulares, mas quanto mais esperar, mais difícil será adotá-las", estima Nikolai Petrov.

"E agora, se aproxima uma crise econômica longa e difícil. Quando a população começar a sentir os efeitos (desta crise) haverá manifestações de massa", prevê o especialista. Vladimir Putin pediu ao governo que antes de 15 de maio sejam propostas medidas para reativar a economia, que destaquem a importância dos investimentos em infraestrutura.

Devido à estreita margem de manobra orçamentária, o economista Ivan Tchakarov afirma que o poder depende da redução das taxas de juros para estimular a atividade e das grandes empresas para acelerar o investimento. "Podemos esperar resultados antes do final do ano, mas não há nenhuma fórmula mágica: afinal de contas, a Rússia precisa lutar contra a burocracia, o marco institucional e a corrupção (...)" alerta.

Mesmo que esses pontos melhorem, a Rússia poderá contar apenas com um crescimento máximo de 4 ou 4,5%, segundo o economista. Para Julia Tsepliaeva, de BNP Paribas, o presidente continua aplicando um mesmo modelo: "escolhemos os campeões do crescimento e lhes damos fundos públicos". "É claro que isso dá resultados, mas de curta duração", argumenta.