Washington - O crescimento econômico melhorou no primeiro trimestre nos Estados Unidos, mas os índices da demanda interna, o calcanhar de Aquiles da reativação, continuam sem apresentar avanços, segundo dados oficiais divulgados nesta sexta-feira (26/4). O Produto Interno Bruto do país aumentou 2,5% em projeção anual de janeiro a março, informou o Departamento do Comércio, enquanto que a média das estimativas dos economistas projetava uma aceleração mais forte do crescimento, de 2,8%.
No quarto trimestre do ano passado, o PIB americano aumentou oficialmente 0,4%. Esta melhoria no ritmo de crescimento da maior economia mundial resulta de um aumento da produção em estoque nas mãos de empresas privadas. E também de um "incremento do consumo das famílias, de uma melhoria das exportações e de uma queda dos gastos públicos, que no trimestre anterior tiveram seus efeitos em parte neutralizados por uma melhoria nas importações e uma baixa no investimento privado, sem contar a habitação", assinalou o governo.
[SAIBAMAIS]O Departamento do Comércio explicou que o consumo das famílias registrou durante os primeiros meses do ano seu avanço mais forte em dois anos (3,2% em projeção anual). Sozinho esse componente representa 2,2 pontos do crescimento do PIB, inclusive num contexto de queda da renda real do americanos, que registrou retração de 5,3% devido a um aumento dos encargos sociais.
No entanto, a demanda interna final em seu conjunto para os produtos americanos não seguiu a mesma evolução do que o consumo privado, e cresceu apenas 1,5%, quando no outono (americano) havia expandido 1,9%. Este resultado se deve em boa parte aos cortes do gasto público. Segundo os dados do governo, o investimento privado sem considerar a habitação registrou uma queda de 13,2% em seu ritmo de crescimento, que ficou em 2,1% no primeiro trimestre do ano. O aumento do investimento em habitação também desacelerou, mas seguiu crescendo a uma taxa robusta, de 12,6%.
Já as importações cresceram mais rápido do que as exportações, e por isso o comércio externo causou uma perda de 0,5 ponto no crescimento do país no primeiro trimestre. A fragilidade persistente da demanda interna deve levar o Federal Reserve a manter seu programa de estímulo econômico, de taxas ultrabaixas e fortes compras de bônus do Tesouro.
Muitos economistas consideram que a economia começou a desacelerar desde o mês de março e que a taxa de crescimento do segundo trimestre deve ser muito menor, já que os lares começaram a se adaptar à nova realidade fiscal e a pressão sobre o gasto público cresce desde que entraram em vigor em março duros cortes fiscais.
Por fim, segundo a Universidade de Michigan, o otimismo dos americanos foi menor do que o anunciado inicialmente. O indicador baixou 2,2 pontos em relação a março, situando-se nos 76,4. O resultado é melhor do que esperavam os analistas, ou seja, 72,4.