Jornal Correio Braziliense

Economia

Alta da taxa Selic atrapalha planejamento de famílias endividadas

CNC informa que 69,2% dos lares têm débitos, o índice mais elevado desde julho de 2011. Bancos já cobram mais caro dos clientes, mesmo com o BC tendo aumentado a Selic em apenas 0,25 ponto percentual

A alta da taxa básica de juros (Selic) anunciada na quarta-feira pelo Banco Central, de 7,25% para 7,50% ao ano, vai bater em cheio no orçamento das famílias. Dados divulgados ontem pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostram que o índice de endividamento dos lares brasileiros atingiu, neste mês, 62,9%, o maior nível desde julho de 2011. Em relação a abril do ano passado, o salto no total de famílias endividadas foi de 6,1 pontos percentuais. Também o número de residências sem condições de honrar os compromissos em dia disparou, atingindo 21,5%. Outros 6,7% ; 0,4 ponto percentual a mais do que em março ; acreditam que não vão conseguir quitar os valores devidos.



Esse excesso de endividamento, no entender da advogada Cristina Santos, doutora em direito civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e especialista em defesa do consumidor, está ligado, em parte, aos estímulos excessivos dados pelo governo à demanda. Para ela, ao reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros, móveis e eletrodomésticos e, ao mesmo tempo, induzir os bancos públicos a emprestarem a qualquer custo, o Palácio do Planalto estimulou a corrida por crédito, que apresentará a fatura mais à frente. Uma delas, será a exclusão, do mercado de consumo, de boa parte das 40 milhões de famílias que ascenderam à classe média nos últimos 10 anos. Esses excluídos não terão como honrar o que compraram a prazo.