Jornal Correio Braziliense

Economia

Depois do tomate, feijão se torna o novo vilão entre os alimentos

Seca no Nordeste e excesso de chuvas no Sul prejudicam as colheitas, e preço da leguminosa já se aproxima do recorde alcançado em 2011



Mauro Andreazzi, gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE, ressalta que a combinação de um período chuvoso no Sul, em amplo contraste com a seca nordestina, tirou 5% da estimativa das três safras feita em fevereiro, caindo para 3,2 milhões de toneladas. Embora seja maior que a da Conab, a projeção não desperta otimismo. "A produção é insuficiente para o consumo interno. Teremos de importar mais", disse.

A pouca chuva afeta especialmente a colheita dos pequenos produtores, que formam a maioria no Nordeste. Os estados de Pernambuco, Piauí e Ceará são os mais afetados, com quedas na colheita de 45,4%, 24,4% e 5,3%, respectivamente. Além disso, Andreazzi também informou que a infestação da mosca branca nas lavouras do Sul e do Centro-Oeste é outro importante fator de quebra da produção. Ele indica que, apesar de a Região Sul já ter acabado de colher a primeira safra, em janeiro, o Nordeste ainda não conseguiu o mesmo. O IBGE prevê uma deficit nas duas safras de 260 mil toneladas.

A enfermeira Rejane Sarmento, 38 anos, tem observado o preço do feijão subir desde janeiro. "Encontrava o quilo a R$ 3 e agora não compro por menos de R$ 6. É difícil substituí-lo", reclamou. O servidor Paulo Roberto Rocha, 56, lamentou que um item da cesta básica esteja tão pressionado. Ele não pensa em trocar o produto por outro em razão do preço. "Vou dar um jeito", prometeu.