Jornal Correio Braziliense

Economia

Japão sai timidamente da recessão e está confiante com recuperação

Governo espera que a leve recuperação se sustente graças aos investimentos públicos e a uma política monetária flexível do banco central

Tóquio - O Japão saiu timidamente da recessão no final de 2012 e o governo de Shinzo Abe espera que a leve recuperação se sustente graças aos investimentos públicos e a uma política monetária flexível do banco central.

O Produto Interno Bruto (PIB) da terceira potência econômica mundial cresceu quase 0,1% entre outubro e dezembro em relação ao período julho-setembro, segundo dados revisados apresentados nesta sexta-feira pelas autoridades, apesar das estatísticas iniciais preverem uma contração. O aumento ínfimo é suficiente para declarar o fim da recessão em que a economia do arquipélago caiu em meados do ano passado. Segundo o governo, a economia japonesa cresceu 2,0% em 2012.

A intensificação dos trabalhos de reconstrução de Tohoku (nordeste) devastado pelo terremoto, o tsunami e o acidente nuclear de março de 2011, fomentou a atividade, enquanto os subsídios outorgados para a compra de veículos de baixo consumo energético sustentaram o consumo. A primavera e o verão foram menos favoráveis, com uma queda das exportações provocada pela crise na Europa e a desaceleração do crescimento na China.

O consumo pessoal e os investimentos de empresas também caíram, devido à deflação que abala o país há 15 anos, apesar de alguns períodos de alívio. O resultado foi que o PIB se contraiu durante dois trimestres consecutivos. "Parece que, em novembro, o pior da recessão ficou para trás ", disse Yasuo Yamamoto, economista do Instituto de Investigação Mizuho.

Os investimentos das empresas não manufatureiras (sem setor imobiliário) aumentaram no final de ano, assim como os pedidos públicos e o consumo. O otimismo das pessoas e empresas melhorou por causa das eleições de dezembro, vencida com ampla maioria pela direita, após três anos de governo de centro-esquerda.



A retórica voluntarista do chefe do Partido Liberal Democrata (PLD), Shinzo Abe, que se transformou no primeiro-ministro no dia 26 de dezembro, contribuiu para reduzir a força da moeda japonesa, o iene, tornando as exportações mais competitivas e a uma espetacular alta da Bolsa de Tóquio de 45% em menos de quatro meses.

Abe conseguiu que o Parlamento aprovará em fevereiro um orçamento extra de 105 bilhões de euros para acelerar, entre outras coisas, a reconstrução de Tohuku, apesar da dívida pública do país subir 200% do PIB.

O orçamento inicial para o exercício de abril de 2013 a março de 2014 prevê mais de 40 bilhões para obras públicas, se distanciando assim da austeridade preconizada por Bruxelas para sair da crise. "O efeito dos gastos públicos adicionais para a economia devem ser sentidos a partir da primavera", explicou Yamamoto à AFP.

É muito provável que a economia japonesa consiga se beneficiar de uma política monetária expansiva, pois o candidato do governo ao posto de governador do Banco de Japão, Haruhiko Kuroda, prometeu que fará o que for necessário para pôr fim rapidamente à deflação, se o Parlamento confirmar sua nomeação em meados de março.

O governo prevê um crescimento de 2,5% para este ano, mas, para isso, a economia internacional tem que se recuperar, aumentando as exportações.