Jornal Correio Braziliense

Economia

Grupo de bancos alerta para excesso de liquidez e baixa das taxas de juros

Bancos centrais estão injetando muito dinheiro e os mercados correm o risco de se acostumarem perigosamente com as taxas de juros muito baixas

Washington - Um influente grupo de bancos alertou nesta quinta-feira (7/3) que os bancos centrais estão injetando muito dinheiro e os mercados correm o risco de se acostumarem perigosamente com as taxas de juros muito baixas.

O Instituto de Finanças Internacionais, que reúne 450 bancos, disse que se os bancos centrais continuarem a injetar dinheiro na economia global, qualquer tentativa futura de controlar isso pode desestabilizar o sistema financeiro.

"Grande parte da recuperação até agora foi baseada fortemente nas condições de "dinheiro fácil" alimentadas pelos bancos centrais", disse a IIF, em um comunicado. "Essas condições - relaxamento quantitativo, taxas de juros muito baixas - não podem durar para sempre, mas o risco é que os mercados financeiros fiquem viciados nelas", alertou.

"Quanto mais os bancos centrais se basearem na liquidez para manter as condições, mais excessos e distorções se acumularão no sistema financeiro. Um eventual desdobramento desses excessos se tornará um evento de risco desestabilizador". O IIF disse que o fato de o Dow Jones Industrial Average ter atingido a maior alta de todos os tempos essa semana foi causado mais pelas condições de relaxamento monetário internacional do que a qualquer recuperação real da economia.



O grupo disse que os principais bancos centrais estão fazendo "tudo o que podem" para estabilizar os mercados e estimular o crescimento porque as reformas necessárias estão paradas devido a entraves políticos em muitos países. "O problema crítico resultante do impasse político prolongado é que as reformas políticas essenciais podem ser adiadas - com a consequência de que a confiança do investidor possa ser minada", disseram os bancos.

O diretor-adjunto do IIF, Hung Tran, disse que os membros dos bancos centrais devem estar conscientes das "consequências não intencionais de suas ações" e deixar claro como esperam ajustar a política monetária ao longo do tempo. "Isso ajudaria a diminuir o risco de grandes oscilações nos mercados financeiros", disse ele.