Brasília ; O crescimento de 0,9% na economia brasileira no ano passado não prejudicou o desenvolvimento social do Brasil, disse nesta terça-feira (5/3) o presidente do Banco Mundial (Bird), Jim Yong Kim. Em visita a Brasília, ele ressaltou que a redistribuição de renda para as camadas mais pobres da população foi essencial para manter o consumo e amortecer o impacto da crise econômica em 2012.
Para o presidente do Bird, o nível de investimentos, tanto em infraestrutura como em capital humano, tem tornado o Brasil menos vulnerável às crises externas. Segundo ele, a economia brasileira se recuperará em 2013 depois do baixo crescimento do ano passado.
;Houve decepção com os números do crescimento [brasileiro] no ano passado, mas muito disso tem a ver com aspectos externos e o estado da economia mundial. Para este ano, a expectativa é que o Brasil possa crescer até 5%. Acredito que haverá recuperação, até porque os investimentos atuais estão estabelecendo as bases para o crescimento futuro;, declarou Kim.
O presidente do Banco Mundial ressaltou que, por causa dos programas de redistribuição de renda, as regiões mais pobres do país estão crescendo mais que a média da economia brasileira. ;Ontem (4), estive na Bahia, e o crescimento que vimos no Nordeste foi estimulante;, avaliou. ;Os países em desenvolvimento precisam construir camadas de amortecimento em relação aos choques externos, investindo não no curto prazo, mas em longo prazo e no capital humano. Alguns, como o Brasil, já fizeram essa tarefa.;
No comando do Banco Mundial desde julho do ano passado, Kim, médico e antropólogo norte-americano de origem sul-coreana, disse que pretende prosseguir com o processo de mudança de foco de atuação da instituição financeira. Segundo ele, o Bird pretende dar cada vez mais ênfase a projetos sociais, ligados à educação e à saúde, do que aos financiamentos de empreendimentos de infraestrutura.
;Durante muito tempo, o Banco Mundial foi excessivamente concentrado na busca do crescimento econômico por si só, sem se preocupar com projetos sociais. Hoje, a instituição evoluiu. Há 20 anos, não poderíamos dizer que o banco estaria na vanguarda do meio ambiente, da igualdade de gênero, investindo em educação e saúde;, declarou.
Sobre o Brasil, o presidente do Bird disse que o país é um dos principais exportadores de ideias para a instituição financeira e que o sucesso no combate à miséria é de grande importância para o organismo internacional. ;O êxito do Brasil é de crucial importância para o êxito do Banco Mundial. Não é possível gerar emprego sem crescimento e nem inclusão social. O grande mérito do Plano Brasil sem Miséria foi vincular os três vetores para o desenvolvimento econômico do futuro: saúde, educação e bem-estar social;, comentou.
Nos últimos três anos, o Banco Mundial concedeu US$ 3,3 bilhões por ano em financiamentos ao Brasil, dos quais 50% estão investidos no Nordeste. Segundo Kim, o país já alcançou o teto de recursos que podem ser emprestados pelo banco. No entanto, a instituição ainda pode ampliar o volume aplicado no Brasil por meio de programas que utilizam outras fontes de recursos, como o fornecimento de serviços de consultoria e assistência técnica para entes públicos.
A visita à capital federal representa a segunda etapa da viagem do presidente do Bird ao Brasil. Ontem, Kim passou o dia em Salvador. Hoje, ele se reuniu com a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, e almoçou com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. À noite, Kim participará, no Congresso Nacional, de uma premiação de curtas-metragens sobre a Lei Maria da Penha. Amanhã (6), o presidente do Bird segue para o Rio de Janeiro.