Jornal Correio Braziliense

Economia

Cortes de gastos americano somarão US$ 85 bilhões nos próximos 7 meses

Austeridade entra em vigor e EUA iniciam nova contagem regressiva

Washington - As medidas automáticas de austeridade acabam de entrar em vigor nos Estados Unidos, e Washington já volta sua atenção para o próximo prazo da disputa orçamentária entre republicanos e democratas: o financiamento do governo federal depois de 27 de março.

Democratas e republicanos saíram na sexta-feira de um reunião na Casa Branca constatando a amplitude de suas divergências: rejeição a mais impostos por parte dos conservadores, exigência de mais rendas fiscais por parte de Obama, e cada partido atribuindo ao outro a responsabilidade do bloqueio.


Resultado concreto: os cortes automáticos dos gastos do Estado federal, 85 bilhões de dólares nos próximos sete meses, entraram em vigor o que ameaça o emprego e o crescimento da primeira economia mundo, segundo Obama.

O presidente tentou, no entanto, dar garantias de o fato de ter se chegado, em 1o. de março, a uma falta de acordo pelas discrepâncias entre o Executivo democrata e os republicanos do Congresso, não provocará um "apocalipse", apesar de isso "terá um grande impacto sobre as pessoas".

[SAIBAMAIS]Como o Estado deverá viver com esses cortes, uma verdadeira bola de neve que aumentará paulatinamente a pressão sobre os legisladores, outro prazo já surge, prometendo um mês de março particularmente agitado em Washington.

Depois do dia 27, de fato, o governo federal deixará pura e simplesmente de ser financiado, e a interrupção de serviços públicos estão à vista, salvo que o Congresso aprove - e Obama promulgue - uma lei orçamentária que abarque os últimos seis meses do exercício 2013, até o final de setembro.

Ameaça de fechamento de organismos públicos

Já em 2011, alguns meses depois que os republicanos assumiram o controle da Câmara de Representantes, o país já se enfrentou a ameaça, como em 1995 e 1996, de ver fechados os serviços não-essenciais.

Tanto Obama como o presidente republicano da Câmara de Representantes, John Boehner, pareciam querer encontrar a calma na sexta-feira. Boehner disse que seu grupo apresentaria na próxima semana um projeto de lei de financiamento, que também deverá passar pelo Senado, controlado pelos democratas.

Por sua parte, Obama não se comprometeu formalmente em promulgá-la, mas deu a entender que o fará se o texto respeitar "os compromissos precedentes", ou seja, as grandes linhas da evolução das contas públicas sobre as quais dos dois partidos se puseram de acordo no verão (boreal) de 2011.

No entanto, o debate sobre a redução dos déficits "não acabou e serão necessários para que alguns dias ou semanas para que os republicanos flexibilizem sua posição sobre os impostos", opina Thomas Mann, autor de um recente livro sobre o bloqueio do Poder Legislativo e especialista da Brookings Institution.

A esperança dos republicanos, avalia, por sua parte, Richard Kogan, especialista em assuntos orçamentários e membro do grupo "Center on Budget and Policy Priorities", é que "a opinião pública atribua os problemas de funcionamento do Estado a Obama por ter rejeitado um compromisso".

Segundo ele, antes de 27 de março os dois partidos vão dedicar-se 90% a atribuir um ao outro as falhas. E quando se aproximar a fatídica data do dia 27, certamente mudarão de atitude e insistirão que estão dispostos a um compromisso.