O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, está preocupado com a alta inflação pressionando os juros porque isso será péssimo para o desenvolvimento do setor produtivo. ;Estamos preocupados;, disse ele lembrando que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, falou que a política de combate à inflação é a política de juros. ;Se houver um repique da inflação e o país tiver que usar os juros para contê-la com a política cambial atual estamos dando um passo atrás. Isso tudo vai contra o desenvolvimento da indústria brasileira e da economia;, afirmou o empresário pouco antes do início da 40; reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico, o Conselhão, nesta quarta-feira (27/2), no Palácio do Planalto.
Na avaliação de Andrade, o pior cenário para a economia brasileira é juros elevado e real fortalecido. ;Temos que segurar a inflação e reduzir o câmbio. Fortalecer o real neste momento não ajuda a conter inflação. Você pode até argumentar que o aumento do dólar pode criar uma pressão inflacionária, mas a redução não cria uma pressão que no sentido contrário;, afirmou ele destacando que os preços estão estabelecidos e não se tem uma redução de preços no mercado em virtude da variação do dólar. ;O que estabelece preço no mercado é a competição e o consumo. Isso independe de reduzir a taxa de câmbio. O que tem criado muita pressão inflacionária são os serviços, que não sofrem competição com os produtos importados;, afirmou ele recomendando que um controle maior dos preços na área de serviços. Ele citou o transporte e gás como alguns dos vilões da competitividade da indústria nacional. ;A falta de infraestrutura adequada faz com que o frete aqui seja 30% mais caro do que em outros países que nós competimos. O gás, no Brasil, existe e não exploramos. Por isso, ele chega a custar para a indústria quatro vezes mais do que nos Estados Unidos;, afirmou.
Investimentos
Andrade informou que a CNI aposta em crescimento na economia este ano, entre 3,5% a 4%. Ele garantiu que a indústria continuará investindo no país, se houver medidas adequadas, principalmente, na área de infraestrutura. ;Os caminhos foram dados. Há uma série de projetos de infraestrutura em andamento, mas temos que ver agora a concretização desses projetos que dependem muito de leilões, de recursos privados e, para isso, serão necessárias condições para que o investidor possa ficar interessado nesses investimentos;, afirmou ele citando os projetos de mais de R$ 250 bilhões. Ele destacou que os portos são a questão principal desses projetos. ;Acho que está se criando uma polêmica em torno de um assunto que não é verdade. Os direitos dos trabalhadores serão mantidos. O que vai se criar é uma maior competição entre os portos, com maior agilidade e menores custos;, afirmou.
O presidente da CNI destacou que no setor privado, ninguém investe se existe um risco maior, principalmente, regulatório.;Os investidores tem aversão a esse tipo risco. Eles não gostam de saber que eles podem estar sendo influenciados no futuro por outras medidas governamentais e ate por medidas de órgãos ligados ao governo. É preciso que tenha essa regulação pronta e acabada. Essa medida provisória que está no congresso é importantíssima para dar segurança aos investimentos privados;, concluiu.