O ministro da Fazenda, Guido Mantega, sinalizou ontem que, depois de terem atingido os menores patamares em décadas, no Brasil, os juros podem voltar a subir nos próximos meses. Ele afirmou que o dólar não é a ferramenta adequada para controlar a inflação, que acumulou uma alta de 6,15% nos últimos 12 meses e se aproxima do teto da meta oficial, de 6,5%. ;O instrumento é juro;, disse, em entrevista a agências internacionais. O ministro tentou desfazer a ideia de que o Banco Central tem usado a desvalorização da moeda norte-americana como uma âncora para segurar a carestia, mas foi além: ;O juro não é fixo. Se houver uma inflação mais preocupante, ele pode se mexer, mas isso é com o Banco Central;, frisou.
A declaração, feita pouco antes da reunião de ministros de finanças do G-20 (grupo das maiores economias), em Moscou, na Rússia provocou reação imediata no mercado brasileiro. Analistas e operadores entenderam a fala de Mantega como uma mudança de discurso que tira qualquer trava do BC nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Até agora, apesar da preocupação com a inflação já manifestada pela autoridade monetária, a equipe do Ministério da Fazenda negava a possibilidade de aumento dos juros. ;As palavras do ministro mostram que o governo poderá elevar os juros novamente;, afirmou Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências.