A França deve revisar para baixo sua meta de crescimento para este ano, sinalizou nesta quinta-feira o ministro das Finanças, Pierre Moscovici.
Contudo, ele minimizou a possibilidade de medidas extras de austeridade para cumprir seus objetivos de déficit depois de registrar crescimento zero em 2012.
Ele mencionou a possibilidade de que a União Europeia permita que a França adie a redução do déficit.
A economia encolheu 0,3% no quarto trimestre de 2012 e não cresceu ao longo do ano, mostraram as estatísticas do instituto INSEE.
O crescimento é crítico para a economia francesa porque o país elevou as receitas com impostos e reduziu gastos com benefícios sociais.
Os últimos dados colocam o governo em um dilema sobre um compromisso com a União Europeia para cortar seu déficit público para um máximo de 3% do PIB neste ano em um contexto em que a zona do euro, em recessão, tenta superar a crise da dívida.
O crescimento zero da França em 2012, como mostrado pela agência de estatísticas nacionais INSEE nesta quinta-feira, representa uma forte desaceleração em relação ao 1,7% de crescimento em 2011.
Isso derrubou as chances da França de cumprir a meta de reduzir seu déficit público para 4,5% do PIB em 2012, que era baseado em um crescimento econômico de 0,3%, além de pôr em dúvida o objetivo de 3% em 2013, que é o máximo permitido para os países europeus.
Moscovici reconheceu nesta quinta-feira que agora o governo teria que repensar sua previsão de crescimento deste ano, estipulada em 0,8%.
"Entendemos que os números para 2012 não são bons, próximos de zero, portanto, também sabemos que o crescimento para 2013 terá que ser repensado", disse ele ao canal France 2.
Perguntado se isso significa que o governo aplicará medidas adicionais de austeridade, ele disse que o governo já está tomando iniciativas "sérias" para corrigir o déficit.
O ministro não quer "condenar o país à recessão".
"Acredito que não devemos acrescentar a austeridade às dificuldades de hoje", disse.
"A situação econômica não é boa, estes números são preocupantes, negativos", afirmou ele, acrescentando que este é o caso "de toda a Europa" e "impõe uma questão coletiva".
Segundo o ministro, "se a economia piorar inesperadamente, um país pode se beneficiar de um atraso para corrigir seu déficit excessivo, com a condição de que tenha feito todos os esforços requeridos".
Na quarta-feira, o comissário de Questões Econômicas da UE, Olli Rehn, havia mencionado essa possibilidade.
No começo da semana, um tribunal de contas públicas independente tinha alertado que o objetivo de redução dos gastos públicos para 3% do PIB não era realista e que o governo deveria se concentrar ainda mais nos cortes de gastos.
O partido de exterma-direita UMP culpou o governo pelos últimos dados, argumentando que ele estava muito focado em aumentar os impostos, ao invés de reduzir o déficit.