O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva exortou nesta sexta-feira o México a orientar mais suas relações comerciais para a América Latina e a reduzir a sua dependência em relação aos Estados Unidos, durante uma conferência com empresários na República Dominicana.
"O que quero que o México saiba é que há espaço na América Latina para que possa atuar e isso ajudará no crescimento do México e também da América Latina", disse Lula durante uma conferência organizada pela Câmara Dominicana da Construção em um hotel de Santo Domingo.
Segundo o ex-presidente, México e Brasil, as duas principais economias da região com cerca de 300 milhões de habitantes, podem contribuir mais para o desenvolvimento dos países da América Central e do Caribe.
"Não é que eu deseje que o México tenha problemas com os Estados Unidos (;) o Brasil também não vai brigar com ninguém", afirmou Lula, que promove a diversificação das relações comerciais na região como resposta à globalização.
Assim, "nós seremos cada vez menos dependentes de um único sócio ou de dois sócios comerciais", disse durante o evento "Emprego e Desenvolvimento como Saída para a Crise" para empresários da construção e funcionários do Estado.
Lula lembrou que antes de assumir a presidência, o Brasil "olhava" muito para os Estados Unidos e para a Europa, e que os países vizinhos faziam o mesmo, uma postura que tentou mudar no Brasil durante a sua administração de dois mandatos seguidos (2003-2010).
"Nunca íamos brigar com ninguém, mas queríamos convidar outros sócios para a nossa festa", acrescentou ele, ressaltando o fortalecimento do Mercosul, que favoreceu as economias dos Estados membros e deixou para trás propostas lideradas pelos Estados Unidos, como a ALCA.
Lula destacou que, por exemplo, durante sua gestão a balança comercial entre Brasil e Argentina passou de 7 para 39 bilhões de dólares e com todo o Mercado Comum do Sul (Mercosul) de 4 a 50 bilhões de dólares.
Lula chegou na quinta a Santo Domingo procedente de Cuba e no sábado viaja para Washington.