Jornal Correio Braziliense

Economia

Juncker destaca ganhos da zona do euro, mas ressalta necessidade de melhora

Em discurso de despedida, o presidente do eurogrupo afirmou que zona do euro está "em uma posição muito melhor do que em janeiro do ano passado"

Bruxelas - A zona do euro está muito melhor agora do que se esperava no ano passado no mesmo período, disse o presidente do eurogrupo Jean-Claude nesta quinta-feira (10/1) em seu discurso de despedida.

Juncker, por ocasião de sua saída após a reunião de ministros das Finanças da zona do euro no dia 21 de janeiro, afirmou ao parlamento Europeu que muitas pessoas esperavam o colapso da zona do euro em 2012, por causa do peso da crise da dívida, mas, de fato, ela se estabilizou.

Isso não significa que tudo está bem - longe disso - mas, pelo menos, os piores temores do ano passado não se concretizaram, afirmou.

"Estamos em uma posição muito melhor em janeiro que no mesmo mês do ano passado," disse ele, citando progressos para incentivar as defesas da área de moeda única com o novo fundo de resgate, o Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEDE).

"A Grécia ainda é um membro da zona do euro," afirmou, depois de a UE finalmente liberar os fundos de emergência necessários no final de dezembro em troca de outro pacote de austeridade, com cortes de gastos e aumento de impostos em Atenas.

O MEDE foi lançado e a zona do euro concordou finalmente sobre uma data para o Mecanismo de Supervisão Única (SSM, na sigla em inglês) dos bancos, com objetivo de evitar os problemas do passado ao intervir antes que algum credor falido arruine a economia.

Juncker provocou uma reação positiva quando foi questionado sobre a falta de mulheres em posições de destaque na UE. Ele afirmou que a primeira chefe do SSM, uma nomeação muito cobiçada, deveria ser uma mulher e neste caso deve ser francesa.

Ele também deu alguma esperança de que o MEDE possa ajudar a aliviar a carga de países como a Irlanda, que receberam ajuda a seus bancos antes da criação do fundo.

A Espanha, que parecia seguir a Grécia, Irlanda e Portugal com a necessidade de um resgate total da dívida soberana, se estabilizou, com Bruxelas fornecendo fundos para reforçar o seu sistema bancário, observou ele.

"Ao mesmo tempo, a UE fez progressos para aumentar a coordenação econômica e de políticas fiscais, que foi fundamental para colocar o projeto europeu sobre uma base mais sólida, mas os ganhos continuaram sendo lentos", acrescentou.

"Eu sou daqueles que pensam que temos alguns anos difíceis pela frente. Eu não gosto dessa linha suave (sobre a crise estar superada) que vemos em alguns Estados."

Juncker observou também que a cúpula dos líderes do mês passado foi decepcionante, já que a UE não pode "oferecer ao mundo um caminho para as próximas décadas".

Questionado sobre seu provável sucessor, Juncker se recusou a dar qualquer detalhe em meio a especulações de que o cargo será ocupado pelo ministro das Finanças da Holanda, Jeroen Dijsselbloem.



Quanto ao seu próprio futuro imediato, ele disse que tem "bastante trabalho a fazer".

"Agora eu vou ser um homem livre e poderei expressar meus pontos de vista, vocês vão ouvir de mim".