Jornal Correio Braziliense

Economia

Investimentos devem impulsionar desempenho da indústria em 2013

Os últimos resultados apresentados pela indústria brasileira têm sido desapontadores, segundo o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas, Aloisio Campelo. No entanto, ele acredita que haverá recuperação do setor em 2013, embora com investimentos ainda em ritmo moderado.

O setor industrial teve queda de produção por quatro trimestres consecutivos no ano passado, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrando pequena recuperação no terceiro trimestre com os incentivos dados pelo governo. Entretanto, para Campelo os efeitos desses incentivos já não apresentam a mesma intensidade. ;O nível de utilização da capacidade não é muito alto e ainda não é suficiente para estimular investimentos e expansão. Então, por mais que existam incentivos, sem a necessidade de expansão imediata o setor não reage com investimentos. Há um crescimento que é limitado pelo desempenho da economia internacional."

Ele disse ainda que há questões de competitividade que não estão totalmente resolvidas pelo câmbio. "A situação cambial já é um pouco melhor, expõe um pouco menos a indústria e serve para colocar em pé de razoável igualdade os setores que são mais produtivos." Advertiu, contudo, que para os setores intensivos em mão de obra, não é esse câmbio que resolve. ;Teria que ser uma medida mais horizontal, que levasse a um ganho de competitividade."

O economista da FGV indicou que essa medida vai na direção do que o governo acena com a redução dos custos de infraestrutura e logística, nos segmentos de portos e rodovias, entre outros, para ;reduzir o diferencial de custos de se produzir e de se encaminhar a produção para o mercado externo;. A mesma coisa se aplica em relação à tributação, à desoneração da folha salarial. Ele defendeu, porém, que essas medidas não deveriam ser pontuais, mas, de preferência, horizontais. Ou seja, deveriam abranger todos os setores.

;Não dá para ficar pontuando medidas. Não acho que seja a melhor estratégia escolher alguns setores;. Isso se aplica a casos excepcionais, para apoio a segmentos específicos que estejam muito mal. ;Mas, passado aquilo, as medidas têm que visar a indústria como um todo." O objetivo, segundo ele, é aumentar a competitividade da indústria nacional em dois sentidos. Um deles é não haver protecionismo excessivo e o outro é dar igualdade de condições ao empresário brasileiro em relação ao produto importado e, também, para competir no mercado externo.

Campelo avalia que o endividamento do consumidor está elevado e, por isso, não deve haver o mesmo patamar de consumo. A perspectiva é que ocorra uma atenuação na produção de produtos duráveis, enquanto segmentos ligados à indústria da construção devem mostrar aceleração.

Já para o setor de não duráveis, incluindo bebidas, alimentação, higiene e limpeza, produtos farmacêuticos evestuário, a perspectiva é manter o ritmo atual, ;porque o nível de renda continua crescendo e o emprego está em alta;. Destacou, entretanto, que esses setores ainda vão demorar para atingir um patamar que peça mais investimentos. ;É um crescimento limitado ao poder de compra." No quadro projetado, a indústria da construção civil deve acelerar ao longo do segundo semestre, mas sem uma explosão de produção.

Do ponto de vista do Produto Interno Bruto (PIB), o economista trabalha com a possibilidade de crescimento entre 2,5% e 3% em 2013. ;O ponto que a gente quer ver recuperar no momento não é o consumo. São os investimentos. A gente precisa expandir a nossa oferta e ver se a indústria vai responder a essa possível aceleração no primeiro semestre."

O setor industrial, segundo Campelo, está com uma certa reserva de confiança em relação ao ritmo de atividade, no sentido de que a economia vai acelerar. ;Se acelerar, vai investir;, concluiu.