Jornal Correio Braziliense

Economia

Principais bolsas europeias fecham primeira sessão de 2013 com fortes altas

Paris - As principais bolsas europeias fecharam a primeira sessão de 2013, registrando fortes altas de mais de 2%, estimuladas pelo acordo de último minuto nos Estados Unidos que evitou o "abismo fiscal".

Londres fechou em alta de 2,20% e o índice FTSE-100 dos principais valores atingiu 6.027,37 pontos, acima dos 6.000 pontos, o que não acontecia desde 8 de julho de 2011. Paris ganhou 2,55% e Frankfurt, que atingiu seus níveis mais altos em cinco anos, fechou ganhando 2,19%. As bolsas de Milão e Madri dispararam, encerrando suas operações com altas de 3,81% e 3,43% respectivamente. Lisboa fechou com alta de 2,78%.

Na Ásia, a Bolsa de Hong Kong terminou sua primeira sessão com ganhos de 2,89%.

"O alívio é imenso após o acordo alcançado entre os democratas e os republicanos, que permitiu evitar ;o abismo fiscal;", uma alta automática dos impostos e uma redução drástica dos gastos públicos, ressalta Ishaq Siddiqi, analista da ETX Capital.

Os investidores comemoraram a adoção na terça-feira pelo Congresso americano de uma lei que evita os Estados Unidos a cair numa série de medidas de austeridade, o que constitui uma vitória para Barack Obama sobre os republicanos.

O texto aprovado prevê um aumento dos impostos para os mais ricos (passará de 35 para 39,6% sobre as rendas superiores a 450.000 dólares anuais), mas deixa interrogações sobre os cortes de gastos públicos de cerca de 109 bilhões de dólares, particularmente na defesa, uma decisão adiada por dois meses.

Os políticos americanos esperaram até o último minuto para evitar o "abismo fiscal", que sem um acordo entraria em vigor imediatamente. Este prazo preocupou os investidores nas últimas semanas, apesar de todos apostarem no acordo.

Para Jean-Louis Mourier, economista da Aurel BCG, o acordo "continua incompleto e pode existir algum nervosismo entre os investidores quando as negociações forem retomadas sobre o teto da dívida e a redução de impostos".

"Mas os investidores comemoram especialmente o compromisso dos dois principais partidos políticos dos Estados Unidos. É muito reconfortante para os mercados", disse Mourier. Como prova, o conjunto de ativos financeiros considerados de risco lucraram com este acordo fiscal.



Por volta das 17h00 GMT (15h00 no horário de Brasília), o euro era negociado a 1,3199 dólares contra 1,3193 dólares na segunda-feira às 22h00 GMT, enquanto as taxas de juro da Espanha e Itália distenderam-se no mercado secundário de dívida, onde são trocadas os documentos emitidos pelos Estados.

O índice de volatilidade Eurostoxx (V2X), que mede a aversão ao risco, caiu quase 4%.

Este compromisso para evitar o "abismo fiscal" se inscreve em um contexto já favorável aos investidores.

Os números confirmam "uma estabilização da taxa de crescimento da China e de países emergentes", ressaltam os estrategistas do Crédit Mutuel-CIC.

A expansão da atividade manufatureira na China continuou no mesmo ritmo em dezembro. Especialistas esperam que isso acelere o crescimento econômico do país no quarto trimestre, depois de sete trimestres de desaceleração.

Contudo, "o acordo sobre o abismo fiscal aprovado por ambas as câmaras do Congresso para evitar a maioria dos aumentos de impostos previstos, é melhor do que nada, mas não inclui uma cláusula de aumento para o teto da dívida e dos cortes previstos nos gastos públicos", considera a Capital Economics.

Inúmeras questões permanecem suspensas, para o novo prazo de dois meses para os cortes de gastos públicos, o que augura uma nova batalha de curto prazo entre a Casa Branca e os conservadores.