Buenos Aires - Os empregadores agropecuários da Argentina realizam nesta quarta-feira (26/12) uma paralisação de 24 horas contra a decisão do governo de confiscar um valioso prédio da poderosa Sociedade Rural, em um novo enfrentamento entre o setor rural e a presidente Cristina Kirchner.
"Nesta quarta-feira, 1.382 cabeças de gado foram embarcadas em 34 caminhões", disse à AFP uma fonte do Mercado de Fazenda de Liniers em Buenos Aires, o maior centro de referência da Argentina, quando o normal nesta época do ano são 5.000 cabeças.
O governo de Kirchner deu um prazo de 30 dias, a partir desta quarta-feira, à Sociedade Rural para desalojar o enorme prédio no elegante bairro portenho de Palermo, após anunciar na sexta-feira o confisco do imóvel, disse o presidente da Sociedade Rural, Luis Etchevehere, que acrescentou que a entidade apelará da medida na Justiça.
As autoridades argumentam que a Sociedade Rural pagou "um preço insignificante" de 30 milhões de dólares em 1991 pelo imóvel, quando a Suprema Corte o avaliou em 131,8 milhões de pesos (então o mesmo valor em dólar por paridade cambial)
A medida é "um ataque concreto, é querer confiscar um bem através de um castigo a um setor a partir do qual defendemos nossa dignidade e nossos direitos", disse Etchevehere em declarações ao canal TN. O dirigente agropecuário acrescentou que a decisão da presidente Kirchner está relacionada ao conflito de quase quatro meses que, em 2008, opôs proprietários e governo por causa de um aumento de impostos às exportações.
O ministro da Agricultura, Norberto Yauhar, considerou que a paralisação realizada pelas quatro maiores entidades agropecuárias do país reunidas na Mesa de Enlace tem "interesses políticos" e defendeu a decisão oficial de tomar posse do prédio. O edifício, de 114.620 m2, da Sociedade Rural, se transformou em um dos centros de exposições mais importantes do país.