Sob o lema "Vamos às ruas contra o corte das aposentadorias. Defenda-se contra as taxas judiciais, as privatizações, as demissões selvagens e a falta de proteção ao desemprego", sindicatos e associações sociais convocaram os protestos em meia centena de cidades espanholas. Na passeata de Madri destacava-se a presença de aposentados e idosos.
Entre eles, Jacinto, de 90 anos, que preferiu não revelar seu sobrenome, caminhava sem dificuldade, apesar de sua idade avançada. "Vão nos deixar só de cuecas", denuncia. "O PP vai nos tirar mais: mentiram em tudo", disse.
Em meio a uma draconiana política de austeridade para conter o déficit público, o governo do conservador Partido Popular (PP) de Mariano Rajoy anunciou ajustes de 150 bilhões de euros entre 2012 e 2014.
Após ter prometido em reiteradas ocasiões que não cortaria as aposentadorias, em novembro, decidiu reajustá-las em 2013 abaixo da inflação(3%). Assim, as aposentadorias aumentarão, em geral, 1% e as de menos de 1.000 euros (1.300 dólares) mensais cerca de 2%.
"É preciso lutar contra esta gente, vão nos deixar em absoluta ruína e eles vão enriquecer ainda mais. Em nome da recessão, em nome da crise, terminam com todos os direitos", afirma Raúl Herrero, funcionário de 64 anos. Entre as bandeiras dos sindicatos, um cartaz denuncia: "O PP mente e rouba os fracos". "PPartido PPerigoso", diz outra.
As cidades espanholas enfrentam protestos quase contínuos, com solidariedade entre manifestações - os médicos também estavam no centro de Madri nesta segunda-feira -, em um momento em que o executivo deve aprovar o orçamento para 2013, que prevê ajuste de 39 bilhões de euros, entre cortes e aumento de impostos.
"O tema das aposentadorias é terrível. Vão afundar as pobres pessoas que trabalharam a vida toda", denuncia Elena Lastras, de 53 anos, funcionária pública. Em um país em que um de cada quatro trabalhadores está desempregado, muitas pessoas idosas mantêm suas famílias graças à pensão.
Além das aposentadorias, as ruas de Madri se encheram também de outros protestos, como o dos trabalhadores da televisão autônoma madrilena, Telemadrid contra a demissão de 925 pessoas em um quadro de 1170 funcionários, e dos funcionários judiciais contra um aumento de taxas.