Jornal Correio Braziliense

Economia

Direita japonesa promete retorno ao crescimento; mercado está satisfeito

Tóquio - Os conservadores japoneses prometeram nesta segunda-feira (17/12) que levarão a economia em direção ao crescimento, um dia depois de sua vitória nas eleições legislativas, recebida com satisfação pela bolsa de Tóquio. "Nossa primeira prioridade será orientar a economia no caminho do crescimento", destacou o número dois do Partido Liberal-Democrata (PLD, direita), Shigeru Ishiba, nesta segunda-feira na rede de televisão pública NHK.

A terceira potência econômica mundial, enfraquecida pela desaceleração internacional, por um iene forte e uma deflação persistente, está em plena recessão. "Sem uma reativação econômica não poderemos realizar a reforma fiscal", acrescentou Ishiba. O Japão quer aumentar o imposto sobre o consumo até outubro de 2015, o que só poderá acontecer se o crescimento for retomado. O PLD prometeu financiar grandes obras, apesar do colossal endividamento do Japão, equivalente a 236% de seu Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Fundo Monetário Internacional.


O líder dos conservadores e provável futuro primeiro-ministro, Shinzo Abe, explicou que se tratará de orçamentos de recuperação "em grande escala", sem informar seu montante. O PLD obteve uma vitória esmagadora nas eleições de domingo, retornando ao primeiro plano da vida política depois de três anos no poder do Partido Democrata do Japão (PDJ, centro-esquerda), acusado de ter desfavorecido os meios empresariais.

Com a contribuição de seu aliado centrista Novo Komeito, a coalizão que pode ser formada pelo partido conservador seria de 325 deputados em um total de 480, ou seja, a maioria qualificada dos dois terços da câmara, o que deveria permitir que fossem votadas leis, embora o Senado, que carece de uma clara maioria, se oponha. O chefe da principal federação patronal Nippon Keidanren, Hiromasa Yonekura, recebeu com satisfação esta "ampla vitória".

Também manifestou o desejo de que o novo poder político favoreça a colocação em andamento dos reatores nucleares parados desde o acidente de Fukushima, e a entrada do Japão nas negociações sobre a criação de uma ampla zona de livre comércio transpacífico (TPP). A Bolsa de Tóquio demonstrou sua satisfação diante do veredicto das urnas, já que era esperada uma guinada para a direita, mas não de magnitude semelhante.

O índice Nikkei dos 225 principais valores fechou em alta de 0,94%, mas o aumento era superior durante a manhã, até que o mercado cedeu às realizações de lucros. Tomo Kinoshita, um economista do grupo de serviços financeiros Nomura, destacou que a vitória do PLD alivia a "preocupação de ter um Parlamento dividido". Com esta ampla maioria, os investidores esperam agora "eleições políticas rápidas", já que os meios empresariais muitas vezes acusam os governos japoneses de indecisão, explicou.

Outro motivo de alegria para os investidores foi que o iene caía ao seu nível mais baixo em um ano e meio frente ao dólar, antes de se recuperar um pouco, e perante a moeda única europeia, o que facilitará as exportações da terceira economia mundial.

Shinzo Abe insistiu durante sua campanha que fará todo o possível para fazer com que o Banco do Japão (banco central) aplique uma política monetária muito complacente, para enfraquecer o iene e acabar com a deflação que afeta o país há mais de três anos. "O novo governo (que Abe formará em 26 de dezembro) deverá eleger um novo governador do Banco do Japão que não hesite em utilizar a máquina de fabricar notas depois do fim do mandato do titular do cargo, Masaaki Shirakawa, em abril de 2013", explicou Kaszuhiko Ogata, do Banco Crédit Agricole.