Jornal Correio Braziliense

Economia

Dilma Rousseff critica austeridade e pede crescimento na Europa

Com esta receita, "não apenas o Brasil, mas toda a América Latina, oferece agora dinamismo econômico, vigor democrático e maior igualdade social graças a políticas que deram prioridade ao crescimento econômico e à inclusão social", afirmou.

Na visão da presidente, "fica cada vez mais claro que sem crescimento será muito difícil o caminho da consolidação fiscal. Os ajustes serão cada vez mais caros socialmente e cada vez mais críticos politicamente".

A prioridade da austeridade, acrescentou Dilma, "embora afaste o risco de uma quebra financeira, não afasta a desconfiança dos mercados, e, ainda mais importante, não afasta a desconfiança das populações".

Para enfrentar a crescente insatisfação social, acrescentou, é necessária a adoção de uma estratégia que "mostre resultados concretos para as pessoas e apresente um horizonte de esperança, não apenas a perspectiva de mais anos de sofrimento".

Além disso, a austeridade sequer foi capaz de consolidar seu objetivo principal, o equilíbrio fiscal, afirmou. "Em virtude do baixo crescimento e do austero corte de gastos, assistimos agora ao crescimento dos déficits fiscais, e não sua redução, que, por sua vez, conduzem à redução do PIB", afirmou.

A visão brasileira contra a austeridade como solução para a crise encontrou um eco evidente entre os anfitriões espanhóis, pressionados para encontrar uma saída sem agravar o já crítico quadro social.

"No contexto atual de dificuldades, é necessário prestar uma atenção especial às políticas de crescimento econômico", afirmou o presidente do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, ao inaugurar as sessões de trabalho dos chefes de Estado e de Governo.

E ressaltou que "atualmente a América Latina possui uma posição de partida mais vantajosa que a Europa para superar a crise".

O impacto social da crise da dívida europeia se converteu no tema central na Cúpula Ibero-Americana de Cádiz, em um contexto generalizado de questionamento às medidas de austeridade como forma prioritária para a superação da conjuntura.

Os chefes de Estado e de Governo devem realizar neste sábado duas reuniões plenárias e um almoço a portas fechadas, sem a presença sequer dos chanceleres, antes de aprovar durante a tarde o texto final do documento.