Jornal Correio Braziliense

Economia

Draghi nega que compra ilimitada da dívida pelo BCE gere inflação

Berlim - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, rejeitou nesta quarta-feira (24/10) as críticas que acusam o programa de compra ilimitada de títulos da dívida pública pelo BCE, batizado "OMT", de financiar, de forma indireta, os estados e de alimentar, por consequência, o risco de inflação. Draghi se reuniu durante quase duas horas com centenas de deputados do Parlamento alemão, na presença de membros das comissões de Orçamento, Finanças e de Assuntos Europeus.

"A maioria dessas perguntas está centrada no programa do BCE chamado OMT (...). Estas ações estão plenamente de acordo com nosso mandato", declarou Draghi em uma breve coletiva de imprensa depois do encontro. "O programa OMT não leva a um financiamento disfarçado dos governos. Concebemos nossas intervenções de forma específica para evitar isso", declarou Draghi em seu discurso frente aos deputados alemães no Bundestag de Berlim.



"O programa não leva à inflação. Concebemos nossas operações para que seu efeito seja neutro sobre as condições monetárias", disse também. "Do nosso ponto de vista, o principal risco para a estabilidade dos preços é a deflação atual em alguns países da zona do euro", acrescentou.


Draghi também destacou a fragilidade da economia da zona do euro. "Acreditamos que a economia continue sendo frágil a curto prazo, refletindo, assim, os ajustes que muitos países iniciaram para estabelecer as bases de uma prosperidade futura duradoura. No ano que vem esperamos uma retomada gradual. O desemprego na zona do euro continua em um nível deploravelmente elevado", informou.

No começo de setembro, o presidente do BCE tinha anunciado o programa OMT de compra de obrigações a curto e médio prazo, destinado a apoiar os países da zona em dificuldades. Ao contrário do anterior, a ativação deste novo programa dependerá de condições muito estritas. Os países que recorrerem ao BCE deverão pedir antes um plano de ajuda do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) ou de seu sucessor, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE).


Draghi aceitou, em meados de setembro, dar explicações sobre a política do BCE, criticada abertamente pelo Banco Central alemão e por alguns políticos e economistas alemães. Apesar de falar regularmente ao parlamento europeu, Draghi não costuma se reunir com deputados nacionais e nunca tinha dado explicações ao Bundestag, nem informalmente.