Madri - A recessão se prolongará na Espanha no terceiro trimestre, com uma queda estimada de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB), anunciou nesta terça-feira (23/10) o Banco da Espanha, enquanto o governo defendia no Parlamento os orçamentos de 2013, marcados pela austeridade, em uma tentativa de reduzir o déficit público.
"A informação conjuntural disponível, ainda incompleta, indica que o PIB retrocedeu a uma taxa de 0,4% na comparação trimestral, semelhante ao do segundo trimestre", afirma o Banco Central do país em seu relatório mensal.
Se confirmados - os dados oficiais provisórios para o terceiro trimestre serão conhecidos no dia 30 de outubro-, isso significará que a recessão espanhola, que deixou um em cada quatro trabalhadores sem emprego, se encaminha para seu segundo ano.
A Espanha, quarta economia da zona do euro, voltou a cair em recessão no fim de 2011 e registrou, no primeiro trimestre de 2012, uma redução do PIB de 0,3%. No segundo trimestre, a queda foi de 0,4%.
A Espanha aplica um programa de austeridade para economizar 150 bilhões de euros entre 2012 e 2014, além de reduzir o déficit público.
Contudo, os mercados temem que o país não consiga financiamento e pressionam por um pedido de resgate, em resposta a uma oferta de apoio do Banco Central Europeu (BCE).
[SAIBAMAIS] Ao apresentar nesta terça-feira os orçamentos para o próximo ano aos deputados, o ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro, afirmou que eles "contribuem para que o ano de 2013 seja o último de recessão econômica, o ano em que se abre a porta ao crescimento econômico e a criação de emprego".
Provocando a ira da oposição ao afirmar que trata-se de um dos "orçamentos mais sociais da história da democracia espanhola" - com 63% destinados aos gastos sociais-, o ministro afirmou que seu objetivo é "combater a crise, responder a um contexto econômico difícil, de recessão".
O governo espanhol prevê uma queda de 1,5% do PIB em 2012 e de 0,5% em 2013.
No entanto, há algumas semanas, o presidente do Banco de Espanha, Luis María Linde, considerou otimista essa previsão, em comparação com as que são feitas pela maioria das organizações internacionais e analistas, que preveem queda de 1,5% no próximo ano.
Montoro anunciou também que o Estado espanhol registrou um déficit orçamentário de 3,9% do PIB no final de setembro, com o qual o país está "muito próximo de alcançar o objetivo de déficit programado para o ano 2012" de 4,5% para o Estado central.
"A recuperação econômica da Espanha passa a cumprir seus compromissos com a Europa", afirmou.
Madri se comprometeu com seus sócios europeus a reduzir seu déficit público - que além do Estado inclui 17 comunidades autônomas, municípios e previdência social- de 9,4% em 2011 a 6,3% do PIB em 2012.
Mas teve que admitir uma revisão para cima no final de setembro, a 7,4% do PIB, devido à ajuda pública concedida a vários bancos, que sofreram intervenção devido à forte exposição a um setor imobiliário combalido desde o estouro da bolha em 2008.
Esta ajuda deve aumentar a dívida pública em até 85,3% do PIB no final de 2012, segundo o governo.
As políticas de austeridade complicam a saída da crise, destacou o Banco da Espanha, afirmando que o impacto negativo sobre o consumo das novas medidas aplicadas em setembro, como o aumento do IVA até 21%, ainda não se reflete nas cifras.
O ministro Montoro rejeitou o argumento que opõe austeridade a crescimento.
"Na Espanha o debate da austeridade nos gastos públicos não pode se contrapor com o crescimento econômico", afirmou aos deputados.
"Em um país que deve ao restante do mundo 90% de seu PIB não faz nenhum sentido econômico nem social contrapor austeridade, redução do déficit público, com crescimento econômico", acrescentou.