Acra - O fundo especulativo NML Capital, cuja ação em um tribunal de Gana reivindicando uma dívida de Buenos Aires levou à retenção no porto de Tema do navio-escola da Armada argentina "Liberdade", ofereceu repatriar a tripulação de mais de 200 membros da fragata, informou seu advogado nesta sexta-feira (19/10).
"Posso confirmar que fizeram essa oferta, mas não obtivemos resposta da outra parte e não estive presente em nenhum acordo de negociação", informou, Ace Ankomah, um advogado que representa o fundo especulativo NML Capital.
O advogado informou que o fundo fez a proposta através de uma carta. Os responsáveis pelo fundo não estavam disponíveis para comentá-la.
A retenção do navio-escola "Liberdade" em Gana desde 2 de outubro gera uma controvérsia sem precedentes na Argentina.
O incidente já levou à renúncia, na segunda-feira, do chefe da Marinha, o almirante Carlos Alberto Paz. Na quinta-feira, a diretora da inteligência militar, Lourdes Puente Olivera, também deixou seu cargo.
Estas renúncias aconteceram depois de as autoridades argentinas suspenderem o diretor geral de organização da Marinha, Alfredo Mario Blanco, e o secretário geral da Marinha, o almirante Luis González, pela decisão de que a fragata fizesse escala no porto de Tema, no leste de Gana.
As autoridades do porto de Tema retiveram o navio escola, que realizava uma missão de treinamento, depois de um tribunal de Gana aceitar o pedido da NML Capital, que reivindica 370 milhões de dólares, depois de se negar a proposta argentina de trocar, entre 2005 e 2010, 93% de sua dívida, em ;default; desde 2001, por 100 bilhões de dólares.
Em um esforço para liberar a fragata pela via diplomática, o governo argentino enviou uma delegação a Gana composta pelos vice-ministros de Defesa, Alfredo Forti, e de Relações Exteriores, Eduardo Zuain.
Buenos Aires chama os investidores que apresentaram a ação de "fundos abutre usurários". A NML Capital integra o grupo AFTA, que litiga contra a Argentina em tribunais de todo o mundo.
A tripulação é em sua maioria argentina e leva a bordo convidados de outros países da América do Sul e pelo menos um sul-africano, informaram fontes da Marinha.