Paris - O governo francês irá rever seu programa de impostos aos criadores de novas empresas, após três dias de queixas de jovens empresários, apoiados pelas organizações patronais, contra as medidas fiscais do governo, disse nesta quinta-feira (4/10) o ministro de Economia Pierre Moscovici.
"Se há medidas que se chocam ou cuja natureza pode vir a dissuadir o investimento desses jovens e inovadores empresários, teremos que revê-las", disse nesta quinta-feira o Moscovici. O ministro disse ser possível a criação de "emendas" no projeto de orçamento 2013, de um rigor sem precedentes.
O projeto provocou a ira dos empresários, que temem ter que pagar um imposto de 60% sobre os ganhos de capital quando venderem seu negócio. Em um primeiro momento, o governo tentou acalmar a cólera dos empresários explicando que se trata de uma taxa máxima que só afetará grandes ganhos, mas estes permanecem irredutíveis e têm o apoio das organizações patronais francesas, incluindo a mais importante delas, a Medef.
De maneira geral, o projeto de orçamento apresentado na sexta-feira passada pelo governo francês foi muito mal recebido pela opinião pública. O orçamento inclui um esforço sem precedentes de 36,900 bilhões de euros em aumentos de impostos e cortes em 2013, com o objetivo de reduzir o déficit público a 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
Apesar de o governo ter feito com que a contribuição maior viesse das grandes empresas e dos mais ricos, os esforços decididos foram considerados "injustos" por 54% dos franceses, de acordo com pesquisa do instituto BVA, publicada nesta quinta-feira. "Quando as medidas estão mal calibradas, é preciso dialogar e eventualmente aportar uma correção", disse Moscovici à emissora France Inter.
O governo não quer "estrangular" as startups e está estudando "soluções" para evitar que as medidas fiscais as penalizem, disseram na quarta-feira à noite fontes da presidência. Com a atenção dada pelo governo, os empresários revoltosos decidiram anular a manifestação prevista para o próximo domingo.
"Queríamos lançar um debate e foi o que aconteceu", disseram. O ministro do Orçamento, Jérôme Cahuzac, disse que as empresas inovadoras não tem com o que se preocupar, pois elas possuem um regime particular ante o novo orçamento, mas ao mesmo tempo excluiu a possibilidade de modificar o essencial das medidas. Uma das promessas de campanha do presidente François Hollande era que "os lucros do capital devem participar do esforço, assim como os do trabalho".