O sistema bancário brasileiro demonstra solidez e se encontra preparado para enfrentar eventuais choques, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) referente ao primeiro semestre deste ano, divulgado nesta terça-feira (2/10) pelo Banco Central (BC).
Publicação semestral que descreve a evolução recente do sistema financeiro nacional (SFN), o relatório diz que os testes de estresse na rede bancária demonstram que ;o capital regulamentar permaneceria elevado em todos os cenários analisados, inclusive nos que envolvem choques abruptos ou extrema deterioração da situação macroeconômica;.
Segundo o BC, os riscos para a estabilidade financeira global continuaram altos no primeiro semestre, com aumento também da volatilidade (incertezas) nos mercados financeiros internacionais. O relatório ressalta, no entanto, que o quadro não compromete a liquidez disponível no mercado doméstico, que permitiu a expansão da carteira de crédito e o crescimento dos ativos líquidos do SFN.
O crescimento da carteira de crédito manteve, porém, a tendência de desaceleração verificada desde o início do ano passado e converge para um ritmo ;mais sustentável; no longo prazo, de acordo com o relatório. A inadimplência, por sua vez, apresentou elevação no semestre, com reflexos no aumento das despesas de provisão e na redução do lucro líquido.
O relatório do BC destaca, contudo, que o crescimento da massa salarial, a recuperação da atividade econômica e a transmissão da redução da taxa básica de juros para as taxas bancárias tendem a melhorar a capacidade de pagamento das famílias e das empresas, de modo a contribuir para a redução da inadimplência.
[SAIBAMAIS] O BC ressalva, ainda, que o cenário externo continua sendo acompanhado, a fim de evitar que eventual deterioração da crise internacional afete negativamente a economia doméstica. Nesse contexto, com vistas a preservar a solidez e a eficiência do SFN, a autoridade monetária reafirma política de aperfeiçoamento de sua estrutura regulatória e de supervisão.
O diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles, disse que a expansão do sistema bancário, com mais oferta de crédito, é decorrência natural do aumento da base de capital, decorrente da incorporação de lucros e da captação de dívidas subordinadas. Com isso, o Índice de Basileia aumentou de 16,3%, no segundo semestre de 2011, para 16,4%, no primeiro semestre deste ano ; bem acima, portanto, da exigência mínima nacional de 11%.
;A expansão da base de capital foi maior que a exposição aos riscos ligados à atividade bancária;, segundo Meirelles, embora as incertezas no cenário econômico internacional tenham continuado ;acima do usual;; principalmente por causa do impasse político na Grécia, dos sinais de fragilidade do sistema bancário espanhol, da baixa atividade econômica nos Estados Unidos e na China e do crescente risco de recessão nos países da zona do euro.