Rio de Janeiro - A recuperação da Europa ante a crise internacional e a manutenção do crescimento econômico na China são dois elementos, na área externa, que o presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, considera essenciais para a evolução do comércio exterior brasileiro. No campo interno, os principais desafios envolvem a questão da infraestrutura logística e a realização das reformas tributária, previdenciária e trabalhista.
A AEB promove nesta quinta-feira (27/9) e amanhã no Píer Mauá, no Rio de Janeiro, o 40; Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex 2012). Empresários e representantes do governo vão debater propostas para um comércio exterior sustentável. Em entrevista à Agência Brasil, Castro disse que o fato de as exportações dependerem em cerca de 70% de commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado exterior) faz com que elas ;flutuem ao sabor do bom humor econômico do mercado internacional, mais especificamente da China;. Por isso, acrescentou, enquanto a China e a Europa mantiverem o bom humor, o cenário será favorável ao Brasil. ;O que não pode é o bom humor mudar de repente para mau humor, principalmente a China, que é a grande compradora e influencia os mercados como um todo;. Segundo Castro, se esse cenário perdurar, o comércio externo do Brasil deve apresentar bons resultados, ;numericamente;.
Ele defendeu a necessidade de que o quadro da China seja acompanhado porque, mês a mês, a economia chinesa tem registrado redução no crescimento. ;E para o Brasil, o crescimento da China é fundamental;. Os Estados Unidos, embora sejam um mercado muito grande, são, na verdade, concorrentes do Brasil, na medida em que exportam soja, milho, carnes, açúcar, produtos também vendidos pelo nosso país. ;Para nós, é muito importante que a Europa consiga se recuperar e a China mantenha o ritmo que tem hoje;.
[SAIBAMAIS]O debate sobre o futuro do comércio exterior brasileiro resultou em mais de 3,2 mil participantes inscritos para o Enaex 2012. ;O brasileiro está buscando informações. Está ansioso para ver o que vai acontecer este ano e nos próximos, principalmente;. Segundo Castro, o comércio exterior afeta a todos, direta ou indiretamente, englobando empresas de todos os tamanhos. ;Eu sempre digo que comércio exterior hoje não é uma opção. É decisão estratégica de uma empresa. No mundo globalizado, se eu não for ao exterior combater o concorrente, ele virá. Então, tenho que estar sempre preparado para enfrentá-lo, aqui ou lá fora;.
Castro advertiu que no ambiente interno começou a acender uma luz de maneira mais forte. ;A decisão [do governo federal] de investir R$ 133 bilhões em logística é ótimo passo. A criação da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) é um grande avanço. Só o fato de passar a pensar o problema já é um caminho;. Ele disse que aguarda medidas na área de infraestrutura portuária, que também representarão um avanço. ;Porque todos nós sabemos que um dos grandes gargalos do Brasil é a infraestrutura portuária;. Castro avaliou que concessões ao setor privado nessa área aumentariam a concorrência e provocariam redução de custos. ;É exatamente o que precisamos para tornar os produtos manufaturados mais competitivos;.
O presidente em exercício da AEB destacou que essas medidas mostram que é possível o Brasil fazer o dever de casa e gerar competitividade interna. ;Existem fatores hoje que nos levam a ter esperança. E ela está se tornando mais clara;. Ele estimou que as exportações levarão o comércio exterior brasileiro a ter um superávit entre US$ 12 bilhões e US$ 14 bilhões este ano, em razão da queda observada nas importações. Para as exportações, o resultado esperado é US$ 237 bilhões.