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Economia

Suíços estão divididos sobre abolição de benefícios aos exilados fiscais

Zurique - Os suíços se mostraram neste domingo divididos sobre a abolição dos privilégios fiscais aos ricos exilados, com o cantão de Basileia-Campo decidindo pôr fim a esses benefícios, enquanto o de Berna decidiu mantê-lo sob condições. Os suíços também se pronunciavam neste domingo sobre um reforço na legislação contra o fumo passivo, iniciativa rejeitada com ampla maioria, à exceção do cantão de Genebra.

A famosa cidade de Gstaad, no oeste da Suíça, ficou na expectativa durante o dia. Nesta localidade preferida pelos exilados fiscais estrangeiros, o fim da tarifa fiscal teria provocado um êxodo dos ricos estrangeiros, vitais para a economia local.

O cantão de Zurique, que aboliu os privilégios em 2009, perdeu desde então quase a metade de seus milionários estrangeiros. Uma fuga que representou uma queda de 12,2 milhões de francos suíços em receitas fiscais em 2011. Em Berna, no total, 66,5% dos eleitores votaram contra a iniciativa "Impostos equitativos - pelas famílias", que incluía uma abolição dos privilégios dos exilados fiscais, enquanto 33,5% votaram a favor.

No entanto, 52,9% dos eleitores aprovaram mais rigidez nas condições para que se possa ter acesso aos privilégios, contra 47,1% contrários. O cantão de Berna conta com 230 ricos estrangeiros que são beneficiados por este sistema de cobrança de impostos baseado no histórico e nos gastos do contribuinte e não em suas receitas reais.

O texto adotado pela região estipula, entre outras medidas, o estabelecimento da quantia de 400.000 francos (cerca de 330.000 euros ou 428.000 dólares) como mínimo submetido ao pagamento de impostos. O regime atual não fixa um valor mínimo.

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No cantão de Basileia-Campo, o outro cantão que se pronunciava hoje sobre a manutenção deste sistema, os eleitores decidiram abolir os privilégios. Neste cantão do noroeste da Suíça vivem apenas 16 pessoas que eram beneficiadas pelos benefícios. Portanto, o impacto do corte na economia não será grande.

A maioria dos beneficiários deste sistema no cantão de Berna, onde foi introduzido em 1965, vive em Gstaad, pequena estação de esportes de inverno famosa por seus belos chalés, onde vive o diretor Roman Polanski.

"Estão roubando a comuna, o cantão de Berna e a Confederação. Essas tarifas se tornaram um negócio para muitos fiduciários. Em Gstaad, encontramos por exemplo 13 famílias gregas bilionárias que pagam impostos ridículos, é um escândalo", lamentou recentemente a deputada socialista do cantão, Margret Kiener Nellen.

O sistema de tarifas sociais é regulado cantão por cantão. Em 2009, o cantão de Zurique o suprimiu, sendo seguido por Schaffhouse, Appenzell Exterior e Basileia-Cidade (noroeste). Em 2010, a Suíça contava com 5.445 "refugiados fiscais" sob este regime. Seus contribuintes pagaram 668 milhões de francos suíços de impostos pagos à Confederação. O fumo passivo era o outro grande tema a ser decidido nas urnas pelos suíços neste domingo.

Quase todos os 26 cantões suíços -à exceção de Genebra que aprovou a proposta por pequena maioria- se negaram a reforçar a proteção contra o fumo passivo, segundo os resultados divulgados pela agência ATS. Cerca de 66% dos eleitores rejeitaram a iniciativa popular lançada pela Liga Pulmonar Suíça.

Atualmente, oito dos 26 cantões possuem proteção completa contra o fumo passivo, como Genebra, enquanto onze cantões se limitam a aplicar a lei federal de 2010. Nestes, é possível fumar em pequenos bares, cafés, restaurantes de menos de 80m2 e em establecimentos maiores com "fumódromos".

Outros sete cantões, incluindo o de Zurique, proíbem fumar dentro de lugares públicos, mas autorizam os "fumódromos".