Jornal Correio Braziliense

Economia

Brasil reage à críticas dos EUA e sinaliza que vai recorrer à OMC

O governo do Brasil reagiu às críticas dos Estados Unidos que condenaram o que julgam ser o protecionismo brasileiro. Em protesto à afirmação, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, enviou nessa quinta-feira (20/9) carta ao embaixador Ron Kirk, representante para o Comércio dos Estados Unidos. No texto, o chanceler diz que os norte-americanos são os principais responsáveis pelas barreiras impostas, por exemplo, aos produtos agrícolas brasileiros.

;O Brasil tem sido obrigado a enfrentar a valorização artificial de sua moeda e uma enxurrada de mercadorias importadas a preços baixos. Os Estados Unidos têm sido um dos principais beneficiários desta situação;, reage o chanceler. ;Preocupa-nos a perspectiva de continuação de subsídios ilegais concedidos à produção agrícola pelos Estados Unidos.;

O ministro destacou que esses benefícios concedidos à produção agrícola pelos Estados Unidos causam impactos negativos nas economias dos países em desenvolvimento. ;[Eles] impactam o Brasil e outros países em desenvolvimento, inclusive alguns dos mais pobres da África;, diz o texto.

Patriota diz ainda, na carta, que todos os mecanismos adotados pelo Brasil têm o respaldo da Organização Mundial do Comércio (OMC) e que o governo não abrirá mão dos instrumentos que julga legítimos. ;O governo brasileiro não abdicará de seu direito de fazer uso de todos os instrumentos legítimos permitidos pela OMC;, informa o texto.

[SAIBAMAIS]Em relação a eventuais efeitos negativos nas negociações na chamada Rodada Doha, como insinuaram as autoridades norte-americanas, Patriota negou impactos. ;Discordo totalmente de Vossa Excelência quanto aos efeitos que as medidas adotadas pelo Brasil poderiam ter sobre o resultado da Rodada Doha;, disse.



De 2007 a 2011, a venda de produtos norte-americanos para o Brasil dobrou, segundo dados oficiais. Em quatro anos, as exportações dos Estados Unidos para o mercado brasileiro saltaram de US$ 18,7 bilhões para US$ 34 bilhões. O Brasil passou de 16; para 8; maior mercado de produtos norte-americanos.