Jornal Correio Braziliense

Economia

Mercados financeiros comemoram medidas do Banco Central Europeu

Paris - Os mercados financeiros comemoraram nesta quinta-feira (6/9) a esperada decisão do Banco Central Europeu (BCE) de intervir sem limites no mercado da dívida dos Estados da Zona Euro, uma medida destinada a aliviar os países mais frágeis como Itália e Espanha.

As bolsas europeias reagiram lentamente em um primeiro momento aos anúncios do BCE, mas logo dispararam, à medida que os investidores tomavam conhecimento da amplitude das decisões.

No fechamento, Madri terminou com forte alta, de 4,91%, e Milão registrou ganho de 4,31%. Londres subiu 2,11% com relação ao fechamento da véspera, Paris avançou 3,06% e Frankfurt subiu 2,91%.

Um vento de otimismo também soprava em Wall Street, onde o Dow Jones subia 1,80% às 15H50 GMT (12H50 de Brasília).

No mercado da dívida, as taxas dos bônus espanhóis a 10 anos caíam a 6,030% às 16H00 GMT (contra 6,409% no fechamento) e as de Itália estavam a 5,261% (contra 5,514%).

O BCE anunciou nesta quinta-feira compras ilimitadas de bônus da dívida soberana com vencimentos entre um e três anos de países da Zona Euro que fizerem essa solicitação, sob estritas condições, para enfrentar uma crise que paralisa a região e preocupa o mundo todo.

A medida, anunciada pelo presidente da instituição, Mario Draghi, foi recebida com fortes altas nas bolsas e com uma redução das taxas através das quais são negociadas as dívidas dos países mais golpeados pela crise, como Espanha e Itália.

A iniciativa visa precisamente o combate ao forte diferencial entre as taxas exigidas pelos mercados a esses países e as pagas por aqueles que ostentam economias mais sólidas, como Alemanha.

O programa de compra de dívida, batizado "Outright Monetary Transactions" (OMT, Transações Monetárias Diretas), foi lançado devido às "perturbações graves observadas no mercado da dívida pública que provêm de temores infundados por parte dos investidores sobre a reversibilidade do euro", disse Draghi.

As condições evocadas para ativar essas intervenções supõem que haja um pedido formal por parte dos interessados.

"O mercado gostou do fato de o BCE estar disposto a intervir de maneira ilimitada", disse Yves Marçais, vendedor de ações da Global Equities.

O anúncio da intervenção do BCE "deve gerar certa estabilidade no longo prazo aos bancos europeus, cuja situação é frágil, e constitui um sinal positivo para os investidores", disse Fred Dickson, analista de DA Davidson.

"O BCE respondeu finalmente com um plano de compra de bônus sem precedente", celebrou Ishaq Siddiqi, da ETX Capital.

"Finalmente obtivemos os detalhes tão esperados sobre a maneira como o BCE irá atacar a crise", disse Matthew Nelson, corretor da Spreadex.

[SAIBAMAIS]"A grande pergunta é saber se o anúncio será suficiente para terminar com a crise e o veredicto dos investidores é: não. Contudo, as medidas anunciadas hoje darão ao menos um respiro à Europa", disse Angus Campbell, responsável por análises de mercado da Capital Spreads.


O BCE anunciou também que manterá sua taxa básica de juros a 0,75%, o que levou o euro a seu patamar mais elevado em dois meses, negociado a 1,2652 dólar. Às 16H00 GMT (13H00 de Brasília), a moeda única era cotada a 1,2628 dólar, contra 1,26 na quarta-feira às 21H00 GMT (18H00).