Buenos Aires - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, ratificou a taxa de câmbio e a restrição às importações, em um discurso pelo Dia da Indústria na noite de segunda-feira (3/9), depois que a União Industrial Argentina (UIA) pediu a agilização na importação de insumos fabris.
Kirchner afirmou que as travas às importações "protegem o trabalho e a indústria nacional". "A flutuação administrada aplicada desde 2003 tem nos permitido o crescimento econômico, a um ritmo médio desde então de quase 9% anual, mas com um rendimento em 2009 de apenas 0,9% pelo impacto da crise mundial", disse a presidente. Também afirmou que permitiu ao país "seguir substituindo importações e retomar industrialização.
A Argentina aprofundou desde 2011 um estoque cambiário (controle do mercado de câmbios) que restringiu a níveis nunca vistos no país o manejo de divisas em mãos privadas e travou importações a fim de dispor de mais fundos para pagar compromissos da dívida de até 12 bilhões de dólares este ano. O torniquete cambial foi aplicado tão fortemente que danificou inclusive as compras indispensáveis do setor fabril, uma das locomotoras do crescimento médio da economia, com 8% anual desde 2003, segundo estatísticas oficiais.
As indústrias automotivas e da construção, entre outras, consolidaram o modelo econômico kirchnerista, mas a crise mundial fez estragos e a produção desacelerou. "Entre janeiro e julho, a indústria expõe uma diminuição de 1,2%, comparando com o mesmo período de 2011", disse em seu último relatório o Instituto de Estatística e Censos (INDEC). No discurso, Kirchner citou a situação mundial e advertiu que "estamos em uma ponte sobre águas turbulentas".
[SAIBAMAIS]A União Industrial, a maior patronal da Argentina, pediu a presidente Cristina Kirchner pela agilização na importação de insumos fabris, que tem sido travada por severos controles cambiais, ao mesmo tempo em que reafirmaram seu apoio à política protecionista da indústria local. "Pedimos que a importação de insumos seja autorizada mais rapidamente para não afetar a produção local", disse à rádio El Mundo o vice-presidente da UIA, Juan Carlos Sacco.
Kirchner tem freado importações para manter o superávit da balança comercial em cerca de 10 bilhões de dólares e as reservas monetárias acima dos 45 bilhões, o que tem gerado duras críticas de Estados Unidos, Japão e União Europeia. "Este governo tem demonstrado ser industrialista. A limitação aos importados melhorou muito, mas nós gostaríamos de ter mais agilidade nos trâmites para não perdermos competitividade", disse Sacco, cuja organização reúne mais de 1.000 entidades.