Madri - O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, e o presidente francês, François Hollande, fizeram nesta quinta-feira (30/08), uma forte defesa do euro, em um momento no qual a Espanha parece caminhar para um resgate financeiro global.
"Rajoy e eu estamos convencidos da irreversibilidade do euro", disse o socialista Hollande, em uma coletiva de imprensa conjunta em Madri, na qual ambos também anunciaram a celebração de uma reunião bilateral em Paris dia 10 de outubro.
"Queremos que a União Europeia dê passos adiante; nem o euro, nem o mercado único, nem a União Europeia darão passos para trás", afirmou Rajoy.
A quarta economia da Zona Euro, afundada em recessão, tem sido vista com desconfiança pelos mercados, o que ameaça sua capacidade de financiamento e consequentemente seu nível de recuperação.
Rajoy iniciou assim uma intensa agenda de encontros internacionais que começou na terça-feira (28/08), com o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e continuará na quinta-feira (06/09),que vem com a visita a Madri da chanceler alemã, Angela Merkel.
Na reunião europeia de junho, "decidimos iniciar um processo de maior integração econômica e fiscal", recordou Rajoy, e "neste sentido, deveremos tomar importantes decisões no próximo mês de dezembro" para por em marcha estas reformas.
Já Hollande elogiou a política de austeridade realizada por Madri, ao considerar que a Espanha tem feito esforços e sacrifícios "dolorosos" e os "resultados já têm surgido".
Madri pretende economizar 102 bilhões de euros, entre cortes e alta dos impostos até 2014, com o fim de reduzir seu déficit de 8,9% a 2,8% do PIB.
Rajoy reiterou sua "firme determinação para continuar com esta agenda reformista".
Contudo, o país, afundado em recessão, continua despertando a desconfiança dos mercados, esfriados por uma série de más notícias econômicas.
A última foi o anúncio feito nesta quinta-feira por parte da região de Valência, dizendo que a região pedirá mais de 4,5 bilhões de euros ao fundo de ajuda do Estado central, dois dias depois de a Catalunha pedir 5,023 bilhões de euros a esse mesmo fundo de liquidez, destinado a ajudar as comunidades com dificuldades a obter financiamento.
[SAIBAMAIS]A Espanha terá que arcar em outubro com vencimentos da dívida no valor de 30 bilhões de euros.
Como consequência da desconfiança dos investidores, "as taxas de juros estão muito elevadas", lamentou Hollande, que recordou que entre as missões do Banco Central Europeu está a estabilidade dos preços.
"A diferença de juros atuais entre os diversos países da Zona Euro pode ser uma justificativa para sua intervenção", disse o presidente francês.
O BCE tem se mostrado disposto a ajudar a Espanha via a compra de obrigações, mas espera primeiro um pedido oficial de ajuda do país.