Frankfurt - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, afirmou nesta quarta-feira (29/8) que a política monetária "precisa às vezes de medidas excepcionais", mas recordou que a instituição "sempre atuará dentro de seu mandato", em um artigo de opinião que será publicado na quinta-feira na Alemanha.
No texto, divulgado com antecedência pela revista Die Zeit, Draghi defende a intenção do BCE de reativar o programa de compra da dívida pública dos países em dificuldades para reduzir as tensões na Eurozona. O projeto provocou fortes críticas na Alemanha, em particular do Bundesbank, o banco central, que teme que o BCE acabe virando um instituto de crédito para os Estados em dificuldades, como Espanha ou Itália.
Ao rebater as inquietações, Draghi garante que o BCE "continuará sendo independente" e "fará o necessário para garantir a estabilidade dos preços", seu principal compromisso. Com diplomacia, o presidente do BCE afirma que a Alemanha tem interesse em não ficar isolada e facilitar o processo de integração da Eurozona.
"A origem do sucesso da Alemanha é sua profunda integração nas economias europeias e mundiais. Para seguir prosperando, a Alemanha deve continuar sendo a âncora de uma moeda forte, no centro de uma zona de estabilidade monetária e em uma economia da Eurozona dinâmica e competitiva", completa.
[SAIBAMAIS]"Aqueles que querem voltar ao passado não compreendem o significado do euro. Os que afirmam que apenas uma autêntica federação poderia ser sustentável estabelecem um nível muito alto. Precisamos de um esforço gradual e estrutural para completar a união monetária europeia", disse Draghi.
Draghi pode divulgar os detalhes de seu plano na entrevista coletiva prevista após a próxima reunião do conselho de ministros do BCE, em 6 de setembro. No início da semana semana, J;rg Asmussen, membro da diretoria do BCE, afirmou que a instituição só comprará títulos públicos a curto prazo, e que no futuro coordenará as intervenções com as dos fundos de resgate dos Estados da Eurozona, o FEEF, e seu sucessor, MEDE.