Jornal Correio Braziliense

Economia

FAO pede que produção norte-americana de etal de milho seja suspensa

Paris - O diretor geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o brasileiro José Francisco Graziano da Silva, pediu aos Estados Unidos a suspensão da produção de etanol a base de milho para evitar uma crise alimentar mundial, em um artigo publicado pelo jornal britânico Financial Times.

"Uma suspensão imediata e temporária da legislação americana, que destina cotas das colheitas de milho para a produção do biocombustível, daria certo alívio ao mercado e permitiria destinar mais grãos à alimentação humana e animal", destacou o diretor da FAO. A seca que afeta os Estados Unidos teve um grande impacto nas colheitas e provocou fortes tensões nos mercados das commodities agrícolas.

[SAIBAMAIS]Um relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulgado nesta semana destaca que apenas 23% das plantações de milho estavam em um estado bom a excelente. "Neste contexto, os preços dos cereais dispararam, com uma alta de quase 40% desde 1; de junho no caso do milho", afirmaram os analistas do grupo de investidores CM-CIC. Segundo um relatório da FAO divulgado na quinta-feira, os preços dos alimentos subiram 6% em julho na comparação com junho, o que acabou com três meses consecutivos de baixas.



"Os preços altos penalizam as populações pobres de muitos países que dependem do mercado mundial para importar seus alimentos", admitiu Abdolreza Abbassian, economista da FAO. A produção de biocombustíveis (essencialmente etanol e biodiesel) é alvo de críticas há vários anos por provocar um aumento dos preços dos óleos vegetais ou dos cereais a partir dos quais são fabricados, em detrimento da segurança alimentar mundial.