Jornal Correio Braziliense

Economia

Mercado de ações sofre debandada de acionistas e volta à concentração

Nos últimos anos, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM) não economizou esforços para popularizar os investimentos em ações. E, ressalte-se, foi muito bem-sucedida. O número de pessoas físicas que passaram a frequentar o pregão paulista aumentou sete vezes de 2002 a 2010, atingindo o pico de 610 mil CPFs registrados nos sistemas de negociação. Desde o início do ano passado, porém, o movimento foi o inverso. Os pequenos poupadores, que se animaram com a oportunidade de garantir ganhos maiores em um país com juros mais civilizados, optaram por se desfazerem de suas aplicações na bolsa. Descobriram que estavam nas mãos de gigantes que, a todo momento, estavam lhes empurrando prejuízos, numa espécie de cassino. A fuga dos pequenos foi clara. Em cinco anos, a participação das pessoas físicas na BM recuou para menos da metade: de 30% para 14% (veja arte). Os clubes de investimentos, que abrigavam parte das pessoas físicas, representam, atualmente, menos de 1% dos negócios diários com ações. Trata-se de um retrato desolador: a bolsa ainda continua sendo opção para poucos e grandes. Nos Estados Unidos, na Inglaterra ou mesmo em países emergentes como a Índia, são os poupadores de menor parte que sustentam os pregões. Para eles, investirem em ações é a garantia de que, quando se aposentarem, terão dinheiro para bancar as despesas até o fim da vida.