No sétimo dia de protestos pelo país, os caminhoneiros promoveram nesta terça-feira (31/7) dezenas de bloqueios ; a maioria deles parciais ; em rodovias federais e estaduais da Região Sul. Pelo menos 20 trechos de estradas foram fechados pelos manifestantes no Paraná, oito em Santa Catarina e seis no Rio Grande do Sul.
"Como parte dos bloqueios são temporários e nem sempre a polícia está presente, é difícil precisar esses números", disse o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Rio Grande do Sul (Setcergs), José Carlos Silvano.
Entre as rodovias federais afetadas hoje por bloqueios nos três estados da Região Sul estão as BRs-101, 153, 158, 163, 277, 282, 285, 369, 376, 386, 392, 467, 472, 480 e 487. Nos últimos dias, houve várias ocorrências de apedrejamento durante as manifestações. Uma pessoa morreu ontem (30), durante um bloqueio no interior do Paraná.
O caminhoneiro Augustinho Daboit, 46, morreu atropelado por um ônibus de turismo na BR-369, em Mamborê, na região noroeste do Paraná, a 450 quilômetros de Curitiba. A vítima teria arremessado um cone de sinalização no meio da rodovia, com o objetivo de tentar parar o ônibus, que, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), estaria em alta velocidade. O veículo atingiu o manifestante, que morreu no local.
Com medo de ser linchado, o motorista se fechou no ônibus, que foi cercado pelos manifestantes. Retirado por policiais, ele foi levado à delegacia e autuado por homicídio culposo.
"Com o baixo efetivo da Polícia Rodoviária Federal, os policiais mal conseguem dar conta de acompanhar o cumprimento de liminares judiciais contra os bloqueios", observa o presidente da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Paraná (Fetropar), Epitácio Antônio dos Santos.
[SAIBAMAIS]Ainda não há relatos de desabastecimento de produtos na região, mas o atraso na entrega das cargas pode estar setores específicos. "Estimamos que pelo menos 30% das cargas estão represadas em estradas ou mesmo nas garagens de nossas empresas ou clientes", diz Silvano. "Os autônomos representam de 20% a 35% dos caminhões do país, e a falta desses veículos já é sentida no mercado".