Jornal Correio Braziliense

Economia

Fundo do Brics deve impulsionar reforma no sistema financeiro internacional

O diretor executivo do Brasil e de mais oito países no Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira, disse nesta terça-feira (31/7) que a criação de um fundo conjunto dos países do grupo do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) poderá estimular reformas no sistema financeiro internacional. ;Se isso vier a se concretizar, significa criar um caminho próprio para esses cinco países, o que coloca o sistema sob pressão para refletir melhor a realidade do mundo contemporâneo;.

Nogueira participou de seminário na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sobre a agenda internacional do Brics promovido pela Fundação Alexandre Gusmão (Funag), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores.

O anúncio da proposta de se criar um fundo de reservas dos cinco países emergentes foi feito em junho durante reunião preparatória para o encontro do G20, ocorrido em Los Cabos, no México.

Para o diretor, no entanto, essa medida não significa uma ameaça aos mecanismos de financiamento atuais, como o Banco Mundial e o FMI. ;Não me preocupa nada o esvaziamento dessas entidades, porque são burocracias muito sólidas. O que essas iniciativas do Brics podem ajudar é mover essas instituições no sentido de uma transformação;.

Ele citou como exemplo da necessidade de mudança a eleição para presidente e diretor-geral das instituições. ;Na sucessão recente do presidente do Banco Mundial viu-se isso. Prevaleceu a regra absurdamente anacrônica de que o cargo de presidente do banco é reservado a um norte-americano, assim como o de diretor-geral do FMI a um europeu;.

Durante o seminário, o diretor do FMI falou ainda sobre as expectativas do fundo sobre a economia brasileira. Ele estima que os próximos 18 meses serão de recuperação para o Brasil, devendo crescer a uma taxa de 4% a 4,5%. ;Esse cenário é plausível porque o governo adotou diversas medidas de estímulo, cujo efeito deve se fazer sentir, sobretudo, no terceiro, quarto trimestres de 2012;.


Nogueira acredita que essas projeções somente seriam alteradas com um cenário ;catastrófico na zona do euro;, como o aprofundamento da recessão ou com a saída de algum país. Na avaliação do diretor, outra situação externa que poderia interferir na estimativa de crescimento no Brasil é um crescimento inferior da China e Índia.

;A China tem crescido 10% ao ano, a Índia em torno de 8%. Muito abaixo disso o cenário se modifica. Sobretudo no caso da China, porque o Brasil tem relações comerciais bastante intensas;.