Jornal Correio Braziliense

Economia

Mercado crê que Fed não tomará novas medidas para impulsionar economia

Washington - Especialistas e operadores de mercado acreditam que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) não anunciará novas medidas drásticas de estímulo à economia, ao fim de sua reunião na quarta-feira (01/8), à espera de uma maior clareza sobre o panorama econômico nos Estados Unidos.

O Comitê de Política Monetária do Fed (FOMC) se reunirá durante dois dias em Washington, em um encontro marcado pelo frágil crescimento da primeira economia mundial.

"Não esperamos que o Fed adote medidas adicionais na próxima reunião, já que a divisão ideológica entre seus membros continua sendo forte", disseram analistas do banco BBVA, que expressaram um consenso cada vez mais forte em Wall Street neste sentido.

Com poucas ferramentas sem ser utilizadas e com perspectivas sombrias, o Fed tem sido relutante em adotar uma terceira rodada de alívio quantitativo (compra de bônus para injetar liquidez no mercado), conhecida pela sigla QE3. Em troca, o presidente do Fed, Ben Bernanke, e seus colegas têm preferido aguardar e ver se a recente desaceleração tem sido apenas um solavanco ou um indício de que tempos mais difíceis se aproximam.

"Esperamos que na próxima reunião seja discutida de forma séria uma nova rodada de alívio quantitativo", afirmou o BBVA. "Contudo, é mais provável que o Fed anuncie o QE3 na reunião de setembro", afirmou.

Na semana passada, a economia somou mais indicadores negativos quando o Departamento de Comércio informou que o crescimento do segundo trimestre foi de somente 1,5%.

O Departamento do Comércio, também publicou uma revisão dos dados dos últimos anos, que mostrou que a recessão foi mais leve e que a recuperação foi mais irregular do que se pensava.

Contra a adoção de medidas de impulso estão as dúvidas sobre se uma política ainda mais expansiva por parte do Fed faria diferença na evolução da economia norte-americana.

"Os bancos centrais têm esticado as regras o máximo possível", disse Tony Crescenzi, da Pimco, principal gestor mundial de bônus. "O Fed poderia implementar outra rodada de compra de bônus, cortar as taxas, baixar os juros pagos pelos bancos pelas reservas, estender a promessa de manter a taxa a um nível baixo ou considerar alguma forma de facilidade creditícia", destacou.



"Se o Fed fizer qualquer coisa deste tipo, implicaria em um valente esforço por parte de Bernanke, mas não seria suficiente para mudar a situação", completou.

[SAIBAMAIS]Ao mesmo tempo, esperar até setembro poderia supor também um problema político para o Fed. Os republicanos, cujas opções de chegar à Casa Branca dependem em parte do frágil estado da economia, têm pressionado recentemente Bernanke para que abandone qualquer possibilidade de realizar mais estímulos.

Bernanke, no entanto, tem se negado a ficar de mãos atadas e, caso ele haja em setembro, a poucas semanas das eleições presidenciais de 6 de novembro, as repercussões provavelmente serão consideráveis.

Caso as novas cifras de emprego que serão publicadas nesta sexta-feira saiam tão ruins quanto o mercado espera, Bernanke e seus colegas podem ver-se de fato obrigados a entrar em ação.