Jornal Correio Braziliense

Economia

PAC 2 finalizou até junho deste ano quase 30% das ações previstas até 2014

O governo anunciou que apenas 29,8% das ações do segundo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2) foram concluídas até o primeiro semestre de 2012, somando R$ 211 bilhões em investimentos pelos setores público e privado. A execução global, de R$ 324,3 bilhões, responde a R$ 34% do previsto até 2014.

Com o objetivo de tentar mostrar um lado positivo, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, ao fazer o balanço do PAC2 na manhã desta quinta-feira, destacou que a execução global, incluindo o setor privado, no primeiro semestre somou R$ 119,9 bilhões e foi 39% superior aos R$ 86,4 bilhões do mesmo período de 2011. ;O PAC continua sua trajetória de ter um desempenho melhor do que ano anterior, que são fundamentais. Esses investimentos levam benefícios à população e tem um papel importante de enfrentar a situação internacional adversa;, disse a ministra.

No entanto, o valor investido pelo governo este ano é bem menor do que esse montante. O volume de pagamentos feitos pelo setor público de janeiro a julho deste ano, por meio do Orçamento Geral da União (OGU) somaram R$ 19,7 bilhões, sendo que apenas R$ 4,5 bilhões foram investimentos de 2012. A maior parte, R$ 15,2 bilhões, refere-se a restos a pagar de obras antigas. No mesmo período do ano passado, primeiro ano do governo da presidente Dilma Rousseff, a mãe do PAC, os pagamentos e empenhos do governo somaram R$ 14,9 bilhões.



Um exemplo de que os investimentos estão aquém do esperado pode ser constatado no setor de geração, transmissão, petróleo e gás e combustíveis renováveis. A expectativa do governo era que estatais e o setor privado desembolsassem R$ 105,6 bilhões no primeiro semestre, mas apenas R$ 42,3 bilhões foram realizados, ou seja, 40% desse total foi efetivamente executado. Entretanto, vale-se ressaltar que em 2011 o desembolso foi menor ainda: R$ 32,5 bilhões.

Logo, esses números refletem, infelizmente, a falta de investimento em infraestrutura no país e, consequentemente o fraco desempenho da economia brasileira. Muitos economistas preveem que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá menos de 2% este ano. O governo, na semana passada, pela primeira vez admitiu oficialmente que a economia do país não crescerá em 2012 os 4% da meta prevista pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e sim 3%.

A meta do governo com o PAC é executar R$ 955 bilhões até 2014. A polêmica obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, cujas obras deverão ser paralisadas novamente devido ao descumprimento da concessionária em reduzir os impactos ambientais, faz parte desse montante. Mas para piorar, os servidores da carreira de infraestrutura ameaçam parar e engrossar o número de funcionários públicos em greve. A panfletagem começou e, no dia 3 de agosto, os trabalhadores estão programando um dia de paralisação para reflexão. Enquanto isso, a presidente Dilma participa da abertura dos jogos olímpicos de Londres e tenta assegurar aos organizadores que o país conseguirá entregar todas as obras em tempo tanto para a Copa do Mundo de 2014 quanto para as Olimpíadas do Rio em 2016.