Jornal Correio Braziliense

Economia

Recessão econômica se aprofunda no segundo trimestre no Reino Unido

A recessão se aprofundou no Reino Unido no segundo trimestre devido a uma contração maior que o previsto da economia, de acordo com dados oficiais publicados nesta quarta-feira (25/7), quando faltam dois dias para a abertura dos Jogos Olímpicos - o que deve gerar um impacto positivo no comércio local.

O Produto Interno Bruto (PIB) britânico retrocedeu 0,7% entre abril e junho, a terceira queda consecutiva e muito maior que o esperado pelos analistas, conforme anunciou o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês). A economia britânica perdeu 0,4% no último trimestre de 2011 e 0,3% no primeiro de 2012.

O retrocesso de 0,7%, o maior desde os três primeiros meses de 2009, em plena crise financeira, foi impulsionado especialmente pela queda do setor da construção (-5,2%), mas também houve recuo da produção industrial (-1,3%) e dos serviços (-0,1%). Além do que, a economia sofreu o impacto negativo do feriado relativo à celebração do Jubileu de Diamante da rainha Elizabeth II, no início de junho. Também os meses entre abril e junho foram os mais chuvosos desde o início da apuração estatística, o que prejudica o comércio.

Este dado decepcionante supõe um novo revés para a coalizão governamental liderada pelo conservador David Cameron, que continua defendendo seu polêmico plano de austeridade para reduzir o déficit público, acusado de impedir a recuperação.



Para o primeiro-ministro, esta nova contração "mostra o alcance das dificuldades com as quais lidamos", que envolvem a situação da Eurozona. "Sabemos que o país tem problemas econômicos profundamente arraigados e estas cifras decepcionantes confirmam isso", declarou o ministro de Finanças George Osborne, que se declarou "implacavelmente centrado" na recuperação econômica do país.

Contudo, a oposição não demorou a reagir, classificando as cifras de "escandalosas" e insistindo no "fracasso" dos planos do governo, uma vez que o Reino Unido e a Itália são os únicos países do G20 que sofreram uma dupla recessão 2008-2009. "Caso estes dados não façam com que o ministro de Finanças acorde e mude de rumo, não sei o que pode acontecer", disse o porta-voz de assuntos econômicos do partido trabalhista. Ed Balls. "Graças a Deus chegaram os Jogos para dar à economia a injeção necessária", disse.

Impacto dos jogos

Os preparativos dos Jogos Olímpicos - cuja abertura é na sexta-feira - estimularam o emprego, ainda que temporariamente, como mostram os dados oficiais publicados na semana passada. O governo cifra em 13 bilhões de libras (20 bilhões de euros, 16,500 bilhões de dólares) o impacto dos Jogos Olímpicos na economia nos próximos quatro anos, mas os economistas estão divididos quanto aos efeitos de longo prazo.

Segundo o banco norte-americano, Goldman Sachs, os Jogos só aportarão entre três e quatro décimos de crescimento suplementar no terceiro trimestre e a tendência se inverterá no seguinte. Howard Archer, economista da IHS Global Insight, também prevê um retorno do crescimento para o próximo trimestre, graças aos Jogos, que continuará até 12 de agosto, mas adverte que "a estrita política fiscal e os problemas dos consumidores continuarão limitando a atividade econômica britânica" durante 2012.