Paris - O ministro de Economia espanhol, Luis de Guindos, recebeu nesta quarta-feira (25/7) o respaldo de seu equivalente francês, Pierre Moscovici, em sua busca desesperada por apoio para evitar que seu país seja obrigado a pedir o resgate de sua economia, asfixiada pelas taxas que os mercados lhe exigem para financiar-se. "Consideramos que o nível atual das taxas de juros, que prevalecem no mercado da dívida soberana, não reflete os fundamentos da economia espanhola, seu potencial de crescimento e sua capacidade para reembolsar suas dívidas públicas", diz o texto.
O ministro da Economia francês, Pierre Moscovici, e o espanhol, Luis de Guindos, estiveram reunidos nesta quarta-feira (25/7) para discutir a situação da Espanha, fortemente acuada pelos mercados. Nesta quarta, as taxas de juros da dívida espanhola à dez anos chegaram a superar o patamar de 7,7%, para depois recuarem a 7,4%.
A afirmação de Paris vem em linha com o que o ministro da Economia da Espanha, Luis De Guindos, e seu homólogo alemão, Wolfgang Sch;uble, disseram na véspera, em um comunicado emitido ao término de seu encontro em Berlim.
Contudo, a crise parece alcançar também o motor da economia europeia, a Alemanha, como demonstra a queda do índice de confiança das empresas em julho e o ambiente de crescente pessimismo quanto a possibilidade de saída da crise da Eurozona.
O índice de confiança sobre os negócios alemães, elaborado pelo instituto econômico IFO, caiu a 103,3 pontos em julho, contra 105,2 em junho, um recuo maior que o esperado e que marca a terceira queda consecutiva.
Além dos dados ruins da Alemanha, a economia da Grã-Bretanha - que não está na Eurozona, mas sim na União Europeia (UE) - sofreu no segundo trimestre uma contração maior que a esperada, de 0,7%, agravando a recessão na qual está imersa.
Em Paris, a reunião de De Guindos com Moscovici acontece após a confusão diplomática criada pela divulgação na terça-feira pelo Ministério espanhol de Relações Exteriores de um comunicado supostamente conjunto de Espanha, França e Itália, que exigia a "execução" imediata dos acordos obtidos na reunião de Bruxelas de junho. Contudo, Paris e Roma desmentiram ter firmado este documento.[SAIBAMAIS]
Apesar de negar o documento, o presidente francês, François Hollande, pediu nesta quarta-feira (25/7) em uma reunião de conselho de ministros uma "execução rápida e firme" das decisões da reunião europeia, conforme anunciou a porta-voz do governo, Najat Vallaud-Belkacem. Nesta reunião, a Comissão Europeia deu sinal verde para o plano de recapitalização dos bancos espanhóis, ao considerá-lo em conformidade com as regras europeias sobre as ajudas dos Estados. Este era o último requisito para a execução do plano de ajuda para os bancos espanhóis, de até 100 bilhões de euros, em dificuldades depois da explosão da bolha imobiliária, em 2008.
Guardiã da concorrência na Europa, a Comissão afirma que este plano está "conforme as regras europeias sobre as ajudas de Estado aos bancos em períodos de crise, já que está limitado no tempo e seu alcance é reduzido", assegura em um comunicado. Da mesma forma, as distorções causadas pelas recapitalização dos bancos serão minimizadas pelas medidas para limitar algumas remunerações de seus executivos.
Os bancos que se beneficiarem da injeção de capital devem apresentar um plano de reestruturação para demonstrar sua viabilidade assim que deixarem de contar com o apoio público, enfatiza a Comissão.
"O plano de recapitalização é a primeira etapa para aplicar o memorando que acaba de ser concluído. Com este programa, o setor financeiro espanhol vai ser reconstruído sobre bases mais saudáveis. Trata-se de uma condição-chave para que a Espanha volte a crescer de maneira duradoura", afirmou o comissário europeu da Concorrência, Joaquín Almunia, citado no comunicado.
O plano de recapitalização dos bancos espanhóis tem uma duração prevista de 18 meses a partir de julho deste ano. No final de setembro, são esperados os resultados de uma auditoria que é realizada em 90% do setor bancário espanhol e que colocará em evidência as necessidades financeiras de cada entidade.
Apesar deste cenário, as principais bolsas europeias fecharam a quarta-feira em alta, à exceção de Londres. Em Madri, o Ibex-35 fechou com ganho de 0,82%, o que lhe permitiu recuperar o nível de 6.000 pontos perdido na véspera, para fechar aos 6.004,90 pontos.