Rio de Janeiro - O percentual de famílias com dívidas chegou a 57,6% em julho, significando alta pelo segundo mês consecutivo, de acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada nesta terça-feira (24/7) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em junho, o percentual era 57,3%.
Ainda assim, o número de famílias que relataram ter dívidas é menor em comparação a julho de 2011, quando 63,5% das famílias haviam declarado ter dívidas. A pesquisa considera como dívida cheque pré-datado, cartão de crédito, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguros. A pesquisa mostra, no entanto, que o percentual de famílias inadimplentes (com dívidas e contas em atraso) vem caindo desde o início do ano e recuou de 23,2%, em junho, para 21%, em julho. O percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar as contas ou dívidas atrasadas (no próximo mês e vão continuar inadimplentes) também caiu - de 7,5% para 7,3%.
Apesar da leve alta no número de endividados, a economista da CNC, Marianne Hanson, explicou que a pesquisa aponta tendência significativa de queda na inadimplência e de melhora na percepção da capacidade de pagamento, com redução na proporção de famílias sem condições de pagar as contas em atraso. ;A parcela que se declarava muito endividada caiu muito no primeiro semestre. As famílias se endividaram um pouquinho, mas isso não se refletiu na inadimplência. O endividamento em si não é um problema, se os consumidores estiverem pagando as dívidas.;
[SAIBAMAIS]O estudo mostra que 14,1% dos entrevistados estão muito endividados em julho, percentual superior a junho (12,4%). Porém, menor em relação a julho do ano passado (17,8%). O aumento do número de endividados, entretanto, pode acabar limitando a queda dos inadimplentes, segundo a economista. ;Precisamos observar como vai se comportar esse consumidor com taxas de juros mais baixas, incentivos fiscais e o mercado de trabalho ainda muito aquecido;, comentou.
Na faixa com renda inferior a dez salários mínimos, o percentual de famílias com dívidas teve leve alta, alcançando 58,6% em julho, ante 58,2% em junho. Para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, o percentual de endividadas passou de 49,9%, em junho, para 50,5%, em julho. Apesar do aumento no número de famílias endividadas em ambas as faixas de renda, diminuiu as famílias com contas ou dívidas em atraso nas duas faixas avaliadas. De acordo com a pesquisa, 71,8% das famílias endividadas apontaram o cartão de crédito como a principal dívida, seguido por carnês de lojas (19,4%) e o empréstimo pessoal (10,7%). A pesquisa ouviu cerca de 18 mil consumidores em todas as capitais do país.