Jornal Correio Braziliense

Economia

Eurozona autoriza ajuda de até 100 bilhões aos bancos espanhóis

Bruxelas - Os ministros das Finanças da Eurozona aprovaram nesta sexta-feira (20/7) a ajuda de até 100 bilhões de euros para recapitalizar os bancos espanhóis, anunciaram fontes do Eurogrupo.

A Bolsa de Madri, no entanto, fechou em queda de 5,82%, refletindo o anúncio do governo espanhol de que a economia do país não voltará a crescer antes de 2014, enquanto que a taxa de risco bateu a casa dos 610 pontos.

O rendimento do bônus da dívida da Espanha a dez anos, por sua vez, disparava a 7,27%, superando o recorde registrado em 18 de junho, quando chegou a 7,24% durante a sessão. Já a taxa de risco - diferença paga pelo bônus espanhol com o alemão -, se situava a 612,540 pontos básicos.

[SAIBAMAIS]Em pouco menos de duas horas de reunião, os ministros dos 17 países da Eurozona aprovaram este crédito sem precedentes para recapitalizar os bancos de um de seus Estados membros em uma teleconferência. "Proporcionar um crédito à Espanha é necessário para garantir a estabilidade financeira da zona do euro em seu conjunto", anunciaram.

O objetivo desta reunião era entrar em acordo sobre as modalidades deste resgate apenas para o setor bancário espanhol, como as taxas de juros, o calendário para a aplicação do Memorando de Entendimento e as condições implícitas ao resgate.

A ajuda será procedente inicialmente do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e depois do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), que o substituirá, e será entregue ao FROB, o fundo público espanhol para ajudar os bancos em dificuldades.

A quantidade exata que os bancos necessitarão será divulgada depois da conclusão de uma auditoria prevista para depois de setembro. Contudo, a zona do euro prometeu desbloquear 30 bilhões ao final de julho para uma eventual emergência.

Em troca, a zona do euro irá impor à Espanha condições estritas que se "concentrarão" no setor financeiro. Os bancos espanhóis terão que apresentar planos de reestruturação e colocar seus ativos tóxicos em um "banco ruim".

A regulação e a supervisão bancária também irá ser reforçada, o que pode significar inspeções de Bruxelas às entidades bancárias, segundo o memorando.

Outra exigência é que Madri respeite os compromissos para corrigir o déficit de maneira significativa para 2014 e cumpra as recomendações macroeconômicas de Bruxelas, disse o comissário europeu para Assuntos Econômicos, Olli Rehn, em um comunicado. "Os progressos serão seguidos estreita e regularmente", prevê o Eurogrupo. "Só com uma ação em todas as frentes a Espanha poderá gerar estabilidade financeira e uma economia dinâmica e competitiva, capaz de fazer cair o desemprego de maneira constante e duradoura", disse Rehn.

Madri tem feito todo o possível para evitar um resgate como o de seus vizinhos gregos ou portugueses, que implicariam em draconianas medidas de austeridade e na tutela dos credores.



A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, elogiou o anúncio e disse que "a prática de medidas contribuirá para reforçar consideravelmente o sistema financeiro espanhol, o que será uma etapa essencial para retornar ao crescimento e prosperidade no país".

Para cumprir as exigências de Bruxelas, o governo do conservador Mariano Rajoy acaba de adotar um novo pacote de medidas para economizar 65 bilhões de euros até 2014, que foi aprovado na quinta-feira pelo Parlamento unicamente com os votos majoritários de sua formação, o Partido Popular.




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