Washington - Os Estados Unidos sofrem desde junho com uma severa seca, sem previsão para acabar e que ameaça a produção de grãos, cujos preços dispararam.
É a pior seca em 25 anos, segundo o secretário de Agricultura, Tom Vilsack, que se reuniu nesta quarta-feira com o presidente Barack Obama para tratar o assunto.
Aos jornalistas, Vilsack admitiu que o fenômeno não chega a ter a gravidade do registrado em 1988, mas, ainda assim, afeta uma superfície maior do país, primeiro produtor mundial de soja e milho.
Obama "está ciente do alcance desta grave seca que afeta 61% do território", afirmou Vilsack.
Enquanto os preços dos grãos aumentaram consideravelmente, o secretário ressaltou ser difícil prever os efeitos da seca nas plantações.
O Banco Mundial já estuda os riscos que a situação apresenta para a oferta mundial de alimentos. O aumento dos preços dos produtos alimentícios em 2008 e 2010 afetou os países importadores mais pobres, provocando grandes manifestações contra a fome.
"As terras cultiváveis secaram e as lavouras e pastagens se degradaram a um ponto raramente visto nos últimos 18 anos", observou o climatologista Mark Svoboda, do centro nacional de combate à seca.
De acordo com Joseph Glauber, economista do Departamento de Agricultura, as estatísticas mostram que 38% do milho e 30% da soja estão em um estado crítico ou muito crítico.
Desde maio, os preços do milho subiram 50% e os da soja 26%.
Paradoxalmente, os preços da carne caíram. Segundo Glauber, alguns criadores de gado, afetados pelos altos preços dos alimentos para os animais, reduziram seus estoques e saturaram o mercado.
Mas a longo prazo, Glauber teme que a redução do número de bovinos cause escassez e o aumento do preço da carne.
Da mesma forma, Vilsack acredita que o aumento dos preços dos grãos não deve afetar imediatamente os alimentos. No entanto, "provavelmente vamos ver os preços aumentar até ao final do ano. Os alimentos industrializados são afetados pelas culturas e certamente haverá um aumento de preços também em 2013", afirmou.
Segundo Svoboda, o cultivo de grãos não é o único problema. A seca já provocou grandes incêndios florestais no oeste do país e, se o calor persistir, o climatologista prevê problemas de abastecimento de água.