Madri - Aos gritos de "demissão e vergonha", milhares de "indignados" protestaram na noite desta sexta-feira (13/7), em Madri, contra o corte de 65 bilhões de euros no orçamento decidido pelo governo, em uma manifestação que terminou com a polícia investindo contra a multidão.
Os manifestantes, incluindo muitos jovens, seguiram para a sede do Partido Popular (PP), do presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy.
"Estou aqui porque não tenho futuro. Não há trabalho. Nos deixam sem saúde e sem educação", disse María Jimena, jovem de 25 anos, que acaba de se formar em jornalismo.
A multidão seguiu da sede do PP para o prédio do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, oposição), acusado de ser incompetente como a direita diante da crise, mas quando se aproximava do local, a polícia de choque dispersou a multidão com golpes de cassetete.
Após o incidente, o grupo se dirigiu à região do Parlamento aos gritos de "greve ilimitada, "estas são as nossas armas", "eles não nos representam", em referência à classe política.
Nas imediações do prédio do Parlamento, alguns grupos que tentavam romper as barreiras foram repelidos novamente pela polícia de choque e ao menos cinco pessoas acabaram detidas.
"Com estes cortes será a ruína", disse Pedro López, manifestante de 30 anos que após estudar durante três anos para ser funcionário da Justiça não pode prestar concurso devido à suspensão das vagas.
"O povo já não tem dinheiro e agora terá ainda menos", afirmou López, esperando que os protestos prossigam.
Segundo Pedro Hernández, um aposentado de 67 anos, "não se pode tolerar o que estão fazendo, todos estes cortes (...) e agora é esperar para ver se os aposentados não serão os próximos".
Após adotar um orçamento para 2012 com cortes sem precedentes, que reduziram os gastos em 27,3 bilhões de euros, o governo em Madri acaba de anunciar um novo pacote de austeridade, com cortes de 65 bilhões de euros até o final de 2014, aumento do Imposto ao Valor Agregado e demissão de funcionários públicos.
Diante do anúncio do novo pacote, na quarta-feira, que muitos prevêem afetará diretamente o poder aquisitivo dos espanhóis e agravará a recessão, os principais sindicatos do país - UGT e CCOO - convocaram uma jornada de manifestações para o dia 19 de julho.