Atenas - O novo primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, se submeteu nesta quinta-feira (5/7) a um delicado exame ante os credores da Grécia, imersa na crise da dívida e da recessão, e cujo plano de recuperação tem sido seriamente prejudicado pelos últimos três meses de disputas políticas.
Samaras, um conservador que governa com os socialistas e a esquerda moderada, se reuniu nesta quinta-feira (5/7) durante uma hora com os chefes da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), Poul Thomsen, Banco Central Europeu (BCE), Klaus Masuch, e da Comissão Europeia, Matthias Mors, encarregados de examinar as contas gregas, às vésperas da reunião dos ministros de Finanças da zona do euro na segunda-feira.
A delicada situação na qual se encontra a Grécia foi resumida pelo novo ministro de Finanças, Yannis Sturnaras, que participou do encontro: "Anos difíceis nos esperam. Vejo a luz no final do túnel, mas o túnel é longo e precisamos de paciência", afirmou.
"Muitas coisas têm mudado nestes três meses e alguns aspectos do programa têm desandado", reconheceu. O ministro se referia à suspensão das reformas devido à falta de coesão política e ao descumprimento de contas públicas. Os países europeus suspenderam a ajuda desde primeiro de maio.
A missão da troika é avaliar a amplitude do déficit e dos esforços que têm que ser realizados e escutar as propostas do governo grego para decidir se retoma ou se amplia a ajuda internacional à Grécia.
O que está em jogo nestas negociações é a próxima entrega de 31,5 bilhões de euros de empréstimo, antes de 20 de agosto, segundo o jornal Ethnos.
O governo de Samaras, que se apresenta como pró-europeu, espera renegociar uma parte dos esforços de austeridade contidos no memorando assinado pela Grécia com seus credores. Um dos pontos que mais lhe interessam é a ampliação de um para três anos do período de ajuste orçamentário.
Falta saber se isso é possível caso seja mantida a taxa de endividamento do país de 120% do PIB até 2020, data estabelecida no acordo anterior.
As contas gregas serão examinadas na segunda-feira (9/7) pelos ministros de Finanças do Eurogrupo, antes de a troika retornar a Atenas até o final de julho. "A troika me disse que vou passar por um momento difícil na segunda-feira e eu lhes disse estou totalmente consciente disso", afirmou Sturnaras à imprensa.
Entre as reformas suspensas durante este vazio legislativo, na qual foram realizadas duas eleições, estão alguns processos de privatização, que o novo governo quer retomar, e as reformas fiscal e da administração. "Os assuntos cruciais são as necessidades de cumprir o déficit orçamentário para 2013 e 2014 e a reforma do mercado de trabalho", disse o dirigente do BCE, J;rg Asmussen, nesta quinta-feira.[SAIBAMAIS]
Samaras apresentará o resultado das negociações na sexta-feira em seu discurso de política geral no Parlamento, onde tentará explicar como suavizar a austeridade que acaba alimentando a recessão.
A troika pediu para voltar a ver o ministro de Finanças, provavelmente no domingo pela manhã, antes de regressar a Bruxelas para fazer um resumo da situação, disse uma fonte do Ministério.