Luxemburgo - A Espanha fará o pedido oficial de ajuda para recapitalizar os bancos na próxima segunda-feira (25/6), disse nesta sexta-feira (22/6) o ministro de Economia espanhol, Luis de Guindos, em uma coletiva de imprensa em Luxemburgo. "Emitiremos na próxima segunda-feira a carta com o pedido formal de ajuda", disse o ministro durante coletiva de imprensa realizada após reunir-se com seus sócios europeus da UE.
Segundo o ministro, o pedido "é uma mera formalidade", conforme voltou a insistir ontem, um dia após o Eurogrupo pressionar a Espanha para que solicitasse oficialmente até segunda-feira o resgate para os bancos, depois do anúncio de que o setor financeiro do país necessitará de até 62 bilhões de euros.
Os ministros das Finanças da UE debateram nesta sexta-feira o caminho para alcançar uma união bancária europeia, para evitar a repetição do cenário de uma crise da dívida que arrase todo o setor financeiro do continente.
Neste sentido, a opção de uma recapitalização direta dos bancos, sem passar pelos Estados, "está aberta" para a Espanha, destacou De Guindos. "Mas o processo não é instantâneo", explicou o ministro. "É uma questão fundamental e que teremos que analisar nas próximas semanas. Será examinada na reunião de cúpula europeia do fim do mês", disse.
De acordo com De Guindos, a devolução dos empréstimos aos bancos espanhóis será feita com base em "prazos longos, para mais de 15 anos" e com "taxas de juros de 3 e 4%", disse o ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos, em coletiva de imprensa.
Ao ser interrogado sobre as condições de resgate aos bancos espanhóis, o ministro respondeu que se trabalha sobre acordos já existentes: "São prazos longos, de mais de 15 anos, com períodos de carência entre cinco e dez anos e taxas de juros entre 3 e 4%". "Com estes parâmetros é que trabalhamos atualmente", disse.
De acordo com as avaliações de duas auditoras, divulgadas na quinta-feira (21/6) pelas autoridades espanholas, o setor financeiro espanhol necessita de 16 a 62 bilhões de euros.
A consultora norte-americana Oliver Wyman calculou necessidades entre 16 e 25 bilhões de euros em um cenário base e de entre 51 e 62 bilhões de euros em um cenário extremo, enquanto que a alemã Roland Berger calculou que as necessidades são entre 25,6 bilhões de euros e 51,8 bilhões de euros, anunciou o vice-governador do Banco da Espanha, Fernando Restoy.
O exercício foi realizado com 14 grupos bancários, que representam 90% do setor financeiro nacional, disse Restoy, segundo o qual a avaliação se aplica a toda a carteira de crédito nacional, crédito a pequenas e médias, a famílias, ao consumo, à aquisição de moradias e não só ao crédito relacionado ao setor de construção civil. Segundo Restoy, os dois cenários considerados foram um de base e outro mais extremo, com uma recessão e uma queda dos preços do setor imobiliário mais intensa e as necessidades de capital que isso exigiria dos bancos em um período de três anos, até 2014.
O objetivo destes exercícios é "avaliar a resistência do sistema financeiro espanhol para suportar cenários macroeconômicos desfavoráveis, cenários mais negativos que aqueles que aparecem refletidos nas principais previsões", afirmou. "Creio que os resultados destes avaliadores confirmam o exercício realizado pelo FMI", disse Restoy, em referência ao relatório no qual o Fundo estimou em 40 bi de euros as necessidades dos bancos da Espanha.
Estes resultados servirão ao governo espanhol para fazer o pedido concreto de ajuda depois que, em 9/6, a Eurozona se mostrou disposta a dar uma ajuda de no máximo 100 bilhões de euros para sanear o setor financeiro espanhol, debilitado após o estouro da bolha imobiliária de 2008.