Madri - Os juros da dívida espanhola voltaram a disparar nesta quinta-feira (21/6) em um novo embate do país com os mercados, demonstrando a impaciência dos investidores diante da expectativa de que Madri anuncie o montante exato que precisará pedir à zona do euro para recapitalizar seus bancos.
A quarta economia da zona do euro lançou uma mensagem tranquilizadora, emitindo mais que o previsto, 2,2 bilhões de euros, ante uma meta estipulada entre 1 e 2 bilhões, com emissões a dois, três e cinco anos. Assim, os juros foram multiplicados nos bônus a dois anos, que passaram a 4,706% frente a 2,069% pagos na última emissão similar, de 1 de março. Quanto às obrigações a cinco anos, o país superou pela primeira vez desde a criação do euro a barreira simbólica dos 6%.
[SAIBAMAIS]Esta disparada dos juros "não é nenhuma surpresa", pois "as atenções se concentram no relatório da auditoria dos bancos espanhóis, esperado para depois do fechamento dos mercados europeus", disse Ishaq Siddiqi, analista da EXT Capital. O governo espanhol havia confirmado que anunciaria o resultado de tal auditoria, realizada de forma separada por duas empresas, a alemã Roland Berger e a norte-americana Oliver Wyman, nesta quinta-feira às 15H30 GMT (12H30 de Brasília).
Contudo, o ministro de Finanças espanhol, Luis de Guindos, afirmou em sua chegada a Luxemburgo para uma reunião do Eurogrupo que o pedido oficial de ajuda ao setor financeiro da Espanha será feito nos próximos dias, disse nesta quinta-feira o ministro de Finanças espanhol, Luis de Guindos em sua chegada a Luxemburgo para uma reunião do Eurogrupo.
"A apresentação (do pedido de ajuda) é uma mera formalidade. Hoje viemos explicar qual é a situação dos bancos espanhóis", disse o ministro. "O substancial acontecerá nesta tarde, quando as auditoras independentes derem a Madri seus resultados sobre a saúde dos bancos espanhóis", argumentou, antes de precisar que "a partir disso, elaboraremos uma rota de fuga".
Apesar do anúncio de De Guindos, segundo vários fontes europeias, o pedido oficial de resgate para o setor financeiro será feito nesta quinta-feira durante a reunião dos ministros de Finanças da zona do euro em Luxemburgo, na qual também participa a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde.
"Assumimos que (o pedido) será feito hoje", anunciou Thomas Wieser, chefe do grupo de Trabalho do Eurogrupo, em uma entrevista. Uma vez que se conheça o resultado da avaliação, a zona do euro poderá estabelecer o montante exato de ajuda que a Espanha necessita, dentro da soma de até 100 bilhões de euros que lhe ofereceu.