Jornal Correio Braziliense

Economia

Regras vigentes impedem recapitalização direta de bancos espanhóis

Bruxelas - "É impossível recapitalizar diretamente os bancos espanhóis devido às regras e procedimentos vigentes", afirmaram, nesta terça-feira (19/6) fontes europeias.

Muito tem sido escrito nos jornais nestes dias, também "centenas de pessoas, especialmente jornalistas espanhóis o afirmaram, mas, segundo as regras e os procedimentos vigentes, uma recapitalização direta (dos bancos) é algo impossível", afirmou.

A imprensa espanhola tem afirmado que o governo do conservador Mariano Rajoy busca um resgate de até 100 bilhões de euros (125 bilhões de dólares) que a zona do euro ofereceu à Espanha seja depositado diretamente nos bancos, sem passar pelo público Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB).

Principalmente depois que analistas e investidores expressaram seu temor de que a ajuda da zona do euro ao setor bancário espanhol seria feita através do FROB, contabilizará como dívida, o que elevaria a dívida pública espanhola a até 90%.

"Nós estamos abertos a uma flexibilização, em particular para poder romper este vínculo com a dívida soberana, mas não é algo que poderá ser feito no curto prazo. Isso exigiria a reabertura de um debate sobre uma medida que já foi acordada por todos os firmantes" do MEE, o Mecanismo de Estabilidade Europeia, que entra em vigor no dia 9 de julho, explicou o porta-voz de Assuntos Econômicos, Amadeu Altafaj, em uma coletiva de imprensa.

[SAIBAMAIS]Para isso, seria preciso modificar o fundo permanente de resgate, que, tal como está contemplado, não pode emprestar dinheiro diretamente aos bancos, só aos países.

As condições sobre o resgate que a zona do euro ofereceu aos bancos espanhóis estão agônicas após o estouro da bolha imobiliária de 2008, o que será um dos temas centrais da reunião do Eurogrupo na próxima quinta-feira (21/6), em Luxemburgo.

Os ministros de Finanças da zona do euro esperam que a Espanha apresente oficialmente nos próximos dias a solicitação de ajuda para resgatar a seus bancos, uma vez que tenham em mãos os resultados das duas auditorias independentes encarregadas pelo governo espanhol para conhecer o estado real do sistema bancário, afirmou a fonte.

O Eurogrupo também debaterá se a ajuda aos bancos espanhóis procederá do FEEF ou do MEE.

O anúncio, feito há dez dias sobre um plano europeu de ajuda aos bancos em dificuldades crescentes, que pode alcançar até 100 bilhões de euros, não bastou para tranquilizar os mercados, que se perguntam sobre as modalidades técnicas e o montante definitivo que o país necessitará para sanear seu bancos.